“Tito-Lívio, História de Roma, II,19-20 narra com grande vivacidade essa batalha contra os Latinos engajada em 493 a.C. durante o consulado de Tito Ebúcio e Caio Vetusio. Nas fileiras inimigas encontravam-se os Tarquínios, exilados de Roma após 510, o que excita a ira dos romanos. Afirma Tito-Lívio que “”o embate foi por isso mais áspero e feroz que os precedentes””. A vitória romana foi favorecida por um voto a Cástor e Pólux: “”Conta-se””, prossegue Tito-Lïvio, “”que, recorrendo às forças divinas, como antes às humanas, o dictator [isto é, o general Aulo Postumio] fez um voto de um templo a Castor””.
Iniciado por Sebastiano del Piombo, o pintor e arquiteto palermitano Tommaso Laureti (1530c.-1602) insere-se com êxito na cultura figurativa romana, tornando-se em 1595 Príncipe da Accademia di San Luca. Em 1586, após uma estada em Bolonha, Laureti é chamado pelo papa Gregório XIII para afrescar o teto da Sala de Constantino no Vaticano, e em 1587, sob o papa Clemente VIII, decora com afrescos a Sala dei Capitani do Palazzo dei Conservatori (hoje sede dos Musei Capitolini), com quatro cenas: Brutus julga e executa os dois filhos (308.16); Caio Múcio Cévola diante de Porsena (310.4); Horácio Cocles na ponte Sublício (310.2) e esta cena com a vitória romana sobre os Latinos na batalha do Lago Regillus em 493 a.C. (310.10).
Partindo da menção de Tito-Lívio a Cástor e Pólux, divindades protetoras de Roma, filhos de Júpiter e Leda, Laureti inclui-os entre os combatentes romanos, figurando-os no centro à direita sobre cavalos brancos e protegidos por uma Vitória.
Luiz Marques
21/01/2010
Bibliografia
1920 – H. Voss, Die Malerei der Spätrenaissance in Rom und Florenz, Berlim, trad. ital., 1994, p. 356
1985 – M.L. Tittoni, Gli affreschi di Tommaso Laureti in Campidoglio in Roma e l´antico nell´arte del Cinquecento. Aos cuidados de M. Fagiolo, Roma, pp. 211-34. “