Localização inventarial: Ms. M. 1
Primeira aquisição importante, em 1901, de Pierpont Morgan no domínio dos manuscritos medievais, o Evangeliário Lindau foi decorado com iluminuras na abadia de Saint Gall, na Suiça.
Sua capa com dez relevos em ouro repoussé e variadas pedras preciosas é tão excepcional quanto sua decoração pictórica. Trata-se de uma das três obras de ourivesaria conservadas da Escola da Corte de Carlos o Calvo, neto de Carlos Magno.
A imagem introduz diversos elementos na iconografia da Crucificação. Um deles é a presença de oito anjos esvoaçantes como figuras de lamentação, que se tornarão sucessivamente emblemáticos nesta iconografia.
Outro elemento novo é a personalização das figuras do Sol e da Lua, signos de conjunção cósmica e de transformação da luz em trevas durante a Crucificação, presentes desde o Evangelho de Rabbula* (586) na Biblioteca Mediceo-Laurenziana de Florença.
Segundo Musto, este motivo mantém relações com o tratado Periphyseon de Scot Erígena, e em especial com sua peculiar escatologia.
Luiz Marques
09/05/2010
Bibliografia:
2001 – J.-M. Musto, John Scottus Eriugena and the Upper Cover of the Lindau Gospels, Gesta, 40, 1, p. 1 e seg.