Com sua serena luminosidade, sua pureza atmosférica que mantém o foco mesmo em seus últimos planos e, sobretudo, com seu senso íntimo da beleza do solo clássico (que tanto atraiu os pintores nórdicos itinerantes entre Roma e Nápoles), esta paisagem foi apresentada na 4ª exposição Promotrice di Napoli de 1866, ocasião em que foi adquirida por Vittorio Emanuele II para o Museo di Capodimonte.
Sua precisão quase fotográfica é típica da fase da Scuola di Resina, movimento verista fundado em Nápoles em 1863, do qual o jovem Giuseppe De Nittis (1846 – 1884) é então um dos expoentes.
Nos planos mais aproximados, da esquerda para direita, podem-se ver uma “fattoria”, isto é, uma propriedade rural, com algumas casas, um monte de feno, diversos troncos de árvores abatidas e empilhadas, e três figuras de trabalhadores – duas mulheres e um homem. Uma trilha pontuada por uma alameda de pinheiros em escorço, os inconfundíveis pini romani, leva da fattoria a um vilarejo de aspecto medieval, com um arco de ingresso, testemunho de uma antiga muralha e uma igreja coberta por uma cúpula.
Tudo é construído em continuidades e contrastes sutis de tonalidades entre verde, azul, branco, beje e marron, que escandem os planos e as formas com uma calma busca de verdade.
Luiz Marques
29/05/2010
Bibliografia
1990 – C. F. Sperken, (col.), Giuseppe De Nittis. Dipinti 1864 – 1884. Catálogo da exposição. Florença, Artificio, p. 66