Na XIV Exposição Geral de Belas Artes da Academia Imperial, aberta em 1860, Revert Klumb apresentou quinze trabalhos, pelos quais recebeu uma menção honrosa, entre eles, duas vistas do Dique da Ilha das Cobras (lados sul e norte), localizado junto ao Arsenal da Marinha da Corte, sendo uma delas a fotografia comentada aqui.
A imagem destaca-se pela originalidade e grande modernidade. O fotógrafo apresentou uma sucessão de planos representados pelas pedras e paredes do dique, entrecortados por barras de ferro. O olhar do observador percorre o canteiro de obras, que avança em profundidade, e depois percebe, no plano de fundo, os navios no porto, próximos à linha do horizonte. O personagem de cartola e guarda-chuva, no plano intermediário, reforça a escala monumental da obra.
Algumas fotografias do período foram reproduzidas em jornais franceses, que comentaram sobre as obras de engenharia empreendidas pelo governo de D.Pedro II. É importante perceber a utilização da fotografia, enquanto técnica moderna, como instrumento de propaganda por parte do governo imperial.
Como nota Maria Inez Turazzi, no Brasil “as imagens de pontes, estradas e outras construções da época integraram não apenas o processo de criação de uma memória da atividade profissional dos engenheiros encarregados das obras públicas do Império, como também o projeto de construção da nação pelo Estado monárquico, projeto esse orientado por uma visão do progresso como lei geral da história“.
Maria Antonia Couto da Silva
13/03/2010
Bibliografia:
TURAZZI, Maria Inez. “Os melhoramentos da nação e a documentação fotográfica das obras públicas no Brasil”. Relics: Iconographies of the National in Argentina, Brazil and Chile, 1880-1890, s.d., p. não numeradas. Disponível em:
http://www.bbk.ac.uk/ibamuseum/texts/Turazzi01.htm
acesso: 13/03/2010.