Agostinho da Motta foi professor da cadeira de pintura de paisagem, flores e animais da Academia Imperial de Belas Artes a partir de 1860, e se destacou pela qualidade de sua produção. Como nota Luciano Migliaccio, o pintor alia ao estudo do natural a ilustração científica e a produção de artistas viajantes. Para Migliaccio os dois quadros de flores e frutas da Coleção Brasiliana, sobretudo pelo uso hábil das cores, “traduzem um sentimento original da realidade brasileira”. Nesse quadro o pintor explora o grande contraste entre o vermelho intenso das flores-de-são-joão colocadas ao lado das orquídeas, de pétalas quase translúcidas, sobre um fundo de folhagens. Já o céu com nuvens revela a luminosidade dos dias de verão.
O crítico carioca Gonzaga Duque afirmou no livro “Arte Brasileira”, de 1888, que na pintura de paisagem e de natureza-morta o pintor apresentou uma obra única em seu tempo, comentando ainda: “O temperamento de Motta não lhe permitiu ser criador e arrojado, mas brando, manso, e delicado, e, por isso, a feição mais tenra e suavemente poética que existia na natureza brasileira, ele apanhou e traduziu como ninguém ainda, até nosso dias, a tem compreendido e interpretado com maior saber e igual talento.”
Maria Antonia Couto da Silva
25/03/2010
Bibliografia:
DUQUE-ESTRADA, Gonzaga. A Arte brasileira. (1888). Introdução Tadeu Chiarelli. Campinas: Mercado de Letras, 1995, p. 131.
MIGLIACCIO, Luciano. “A iconografia nacional na Coleção Brasiliana”. In Coleção Brasiliana Fundação Estudar. São Paulo: Via Impressa Edições de Arte,2006, p. 71.