A gravura mostra a fachada do Hospital D. Pedro II, a primeira instituição psiquiátrica do Brasil, criada em 1852. O edifício foi registrado em diagonal, para enfatizar sua monumentalidade, e o gravador provavelmente destacou os detalhes da arquitetura. O projeto arquitetônico foi realizado pelos engenheiros José Domingos Monteiro, José Maria Jacinto Rebelo e Joaquim Cândido Guilhobel.
Até a metade do século XIX, não havia no Brasil uma política de saúde psiquiátrica, os doentes andavam pelas ruas, ou eram tratados nas residências, nas Ordens Terceiras e na Santa Casa. A construção do Hospital de Alienados, considerado em dos melhores em sua época, foi, portanto, fundamental para a sociedade local. Para Araújo, além dos tratamentos convencionais “existia um esboço de tratamento ocupacional com instrumento de música, oficinas para trabalhos manuais e, sobretudo, espaço, claridade e pátios arborizados”. Em 1948, o prédio foi transformado no Palácio da Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.
Entre as imagens do livro “Brasil Pitoresco”, concebido para representar o Brasil na Exposição Universal de Londres em 1862, foram destacadas as instituições públicas, procurando mostrar uma sociedade que estava se modernizando.
O gravador Sisson registrou o mesmo edifício, entre 1858/1862, em cromolitografia, para o álbum “Rio de Janeiro Moderno”, escolhendo um ponto de vista oposto ao de Frond. Ao compararmos as duas imagens podemos notar como Frond procurou enfatizar a visão da cidade cosmopolita.
Maria Antonia Couto da Silva
27/01/2011
Bibliografia:
1980 – Ribeyrolles, Charles. Brasil Pitoresco. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, [1859].
1982 – Araujo, Achilles Ribeiro. Assistência Hospitalar no Rio de Janeiro no Século XIX. Rio de Janeiro Ministério da Educação e Cultura. Conselho Federal de Cultura, p. 66.