Index Iconográfico – 806CatA – S. Catarina de Alexandria
Inscrição: ARIGO DI NERI ARIGHETTI FECE FARE QUESTA TAVOLA
Pertencente ao grupo dos 14 Santos Auxiliadores e ao das
“Quattuor Virgines Capitales” (com Bárbara, Margarita e
Dorotéia), Santa Catarina de Alexandria não é mencionada no
Martyrologium Hieronymianum (Martirológio de
Jerônimo, compilado na Gália no século VI) ou em outra
documentação histórica. Sua lenda, fixada no Menológio de
Basílio (século X) e depois na Legenda aurea de
Jacopo de Varazze (1280c.), situa-a sob o Imperador Maxêncio
(306-312). Filha de um rei alexandrino de nome Costo, ao
mesmo tempo bela e cultivada em filosofia, ela converte-se
ao cristianismo, exorta o imperador à conversão e refuta
cinquenta filósofos em uma disputa sobre a adoração dos
ídolos, prodígio que a alça à condição de contrapartida
cristã de Hipácia de Alexandria, a filósofa do século IV,
martirizada, por sua vez, pelos cristãos. Esta refutação da
idolatria, associada à sua recusa em casar-se com o
Imperador, desencadeia seu martírio em uma roda (seu
atributo) e, finalmente, sua decapitação.
As assim chamadas Núpcias místicas de Santa Catarina,
representadas desde o século XIV, são uma visão, recebida na
prisão, na qual Cristo coloca uma aliança em seu dedo,
selando um casamento místico, idéia que convinha
particularmente ao ideário das ordens femininas.
Barna da Siena é um artista sienense de identificação
problemática que evolui na órbita de Simone Martini. Este
provável ex-voto, com cenas na predella alusivas à
reconciliação e ao triunfo do Bem sobre o Mal, é uma das
primeiras representações conservadas deste tema e,
contrariamente ao modelo que virá a vigorar, figura ainda o
Cristo como adulto.
Luiz Marques
09/11/2011
Bibliografia
1957 – L. Réau, Iconographie de l´art chrétien, volume III,
Paris, p. 268
1965 – D. Attwater, The Penguin Dictionary of Saints,
Londres, 1986, ad vocem
1972 – S. Delogu Ventroni, Barna da Siena, Pisa, Giardini,
p. 47-49.