“Localização inventarial: Gift of J. Pierpont Morgan Library, 1917 (17.190.715a,b)
Proveniente supostamente do tesouro de Sinibaldo Fieschi, papa entre 1243 e 1254 com o nome de Inocêncio IV, este relicário, produto de um ateliê de Constantinopla, é criado seja por volta de 800, seja em um momento imediatamente sucessivo ao fim do iconoclasma (843). Ele entra na coleção do banqueiro J. Pierpont Morgan em New York, entre 1906 e 1917.
Sua função era custodiar uma relíquia da “”vera cruz””, isto é, um fragmento da madeira da cruz em que Cristo foi crucificado, encontrada, segundo a lenda, por iniciativa de Helena, mãe do Imperador Constantino, em inícios do século IV.
A imagem oferece uma visão de conjunto deste relicário bizantino, cuja tampa é ornada com uma Crucificação, discutida na imagem anterior. Na face interna da tampa, figuram, em um estilo mais rápido e em outra técnica (niello, quatro cenas da vida de Jesus, a saber, a Anunciação, a Natividade, a Crucificação e a Anástase (Descida ao Inferno).
A tampa e as laterais do relicário são decorados com 27 bustos de santos representados e identificados por inscrições em grego. Dentre eles, contam-se, S. Teodoro e S. Jorge, os quais, juntamente com S. Demétrio, representado sobre a tampa do relicário, constituem a tríade dos santos-soldados da hagiografia bizantina.
Os outros santos são, à volta da tampa: Eustátios, Lourenço, Lucas, Marcos, Tomé e Tiago; Bartolomeu, Mateus, Judas e Simão. Na base da tampa, em vermelho, veem-se os três santos apotropaicos e com poderes curativos: Damião, Cosme e Gregório Thaumaturgos.
Nas laterais: Anastásios, Nicolau, Procópio, Teodoro, Platão, Mercúrio, Eustrátios, Panteleimon, André, João, Paulo e Pedro, estes últimos também em vermelho.
Luiz Marques
02/08/2011
Bibliografia
2011 – B. Drake Boehm, in M. Bagnoli, H.A. Klein, C. Griffith Mann, J. Robinson, Treasures of Heaven. Saints, relics and devotion in medieval Europe. Catálogo da exposição, Londres, British Museum, p. 81. “