Ésquines faz-se figurar com o semblante impassível, o braço
preso ao peito e imobilizado pela toga, em acordo com seu
próprio ideal de uma actio comedida, expresso em seu
discurso (I,25):
“E os oradores antigos, homens como Péricles, Temístocles e
Aristides, eram de tal modo controlados (sophrones)
que se considerava então moralmente reprovável falar com a
mão livre, algo hoje habitual (…). Podeis atestar que
nesta estátua na ágora de Salamina, Sólon mantém a mão
oculta sob o manto; mas tal estátua justamente comemora e
reproduz fielmente a pose com a qual ele se apresentava
diante da assembléia do demos” (apud Zanker).
Veja-se, a respeito, a possível recepção deste traço
distintivo da retratística antiga no período moderno nos
retratos de Henry Howard* por Hans Holbein o Jovem, no Museu
de Arte de São Paulo, e de Gaspare Mola* por Alessandro
Algardi no Ermitage.
Luiz Marques
29/12/2011
Bibliografia
1995 – P. Zanker, Die Maske des Sokrates. Das Bild des
Intellektuellen in der antiken Kunst. Trad. ital., Turim,
Einaudi, p. 55-56.