Sobre Catão de Útica e seu suicídio em 46 a.C. no contexto da crise final da República romana, ver os comentários a seu retrato brônzeo no Museu de Rabat* (Marrocos) e ao afresco de Beccafumi* em Siena, de 1519-1520.
O desenho em questão não é preparatório a nenhuma pintura conhecida de Poussin e pode ser motivado tão somente pela leitura de Plutarco, como sugerem Rosenberg e Prat. Mas é igualmente possível cogitar em relações com alguma tragédia sobre Catão recorrente na dramaturgia francesa destes anos. Monsieur L´´Abbé de Marolles de Villeloin, em suas Mémoires, refere-se a uma tragédia de Catão de autoria de M. Gaberot, prior de Saint Jean, datada de 1657. E em seu Abrégé de l´´Histoire du théâtre français, M. le Chevalier de Mouhi menciona outra tragédia de uma certo Cardin, intitulada Mort de Caton ou l´´illustre désespéré, que remonta a 1648. O próprio Racine nutria um projeto sobre o tema e. antes dele, Corneille, em sua Epître a Mazarin, comunica sua intenção de narrar um dia: Les Scipions vainqueurs et les Catons mourans. O próprio Fénélon não deixará, enfim, de abordar o tema sob a curiosa forma neo-lucianiana do Dialogue des Morts, opondo nosso herói a seu antípoda, Alcebíades.
Luiz Marques
12/02/2010
Bibliografia:
P. Rosenberg, L.-A. Prat, Nicolas Poussin, 1594-1665. Catalogue raisonné des dessins, 2 volumes, Milão, 1994, vol. I, cat. 139, p. 270.