Genetrix ou Genitrix, geradora, é epíteto não apenas de Vênus, divindade itálica assimilada desde o século II a.C. a Afrodite. Virgílio, En 2,788 chama Cibele magna deum genitrix (magna mãe dos deuses) e Ovídio, Met 5,490 chama Ceres genetrix frugum, mãe das colheitas.
No segundo dos Hymni naturales (1497) de Michele Marullo, Hino à Vênus, esta é nomeada Sancta genitrix Amorum. Genitrix, Vênus o é sobretudo por ser Aeneadum Genetrix, geradora da descendência de Enéias, a gens Iulia, cujo mais eminente descendente, Caio Júlio César, consagra-lhe em 46 a.C., em seu Fórum, um templo, encomendando ao escultor neo-ático, Arcesilao, uma cópia da escultura de Calímaco, cf. Plínio, H. N. xxxv, 156. A partir de César, os Imperadores creditam-se a mesma ascendência divina e Vibia Sabina, esposa de Adriano, far-se-á representar em estátuas (Ostia*) e moedas como Venus Genitrix.
Dado o prestígio imperial desse tipo cesariano de Vênus (em oposição talvez à Venus Victrix, de Pompeu), não surpreende que se conservem mais de 60 cópias romanas em escala natural – das quais esta é a mais admirável -, do original brônzeo perdido do escultor ateniense, Calímaco. Além disso, dezenas de cópias reduzidas, em bronze ou argila, confirmam sua celebridade.
Plínio (H. N.. xxxiv, 92) afirma que Calímaco estava “sempre pronto a denigrir-se e era de um escrúpulo infinito, chamado por isso, Perfeccionista [em grego, Callimachos], um exemplo memorável da necessidade de conservar a medida também na busca da perfeição”.
A mão e a maça, atributo de Afrodite, são restauros. A obra foi doada a Luís XIV em 1665.
Luiz Marques
09/02/2010
Bibliografia:
1988 – R. Schilling, “L`évolution du culte de Vénus sous l`Empire Romain”. Dans le Sillage de Rome. Religion, Poésie, Humanisme. Paris, p. 176
2008 – J.-L. Martinez, in G. Gentili, Giulio Cesare. L`Uomo, Le Imprese, il Mito. Roma, Catálogo da exposição, p. 232