Embora conferindo-lhe a forma de uma grande galeria, Rafael retoma na arquitetura da Escola de Atenas o módulo da planta central projetada por Bramante em 1506 para a nova basílica de São Pedro.
Por outro lado, a forma vazada da cobertura permite criar uma nova ambientação para a cena, sem sujeitar a monumentalidade das figuras às limitações de escala de um espaço interno. Esta solução desenvolvida por Rafael permite superar o dilema entre o espaço interno e espaço externo legado pelas pesquisas sobre a perspectiva que dominam a pintura do Quatrocentos na Itália central.
Uma primeira solução nesse sentido fora tentada com grande elegância por Domenico Ghirlandaio no afresco O Banquete de Herodes* de 1486 em S. Maria Novella em Florença. Rafael depura entretanto a solução ainda demasiado pictórica encontrada por Ghirlandaio, imprimindo-lhe uma forma genuinamente arquitetônica, dotada, além disso, de mais ampla respiração e de uma antiquarismo mais rigoroso.
Rafael é decerto encorajado neste sentido por Bramante, mas também por seus próprios estudos gráficos do Pantheon de Roma.
Luiz Marques
13/07/2010