Alguns cemitérios paleocristãos de Roma levam o nome de seus
fundadores ou daqueles que doaram o terreno à comunidade
cristã. O nome Priscilla aparece em alguns documentos
litúrgicos, como por exemplo, na Depositio Episcoporum:
Pridie kalendas ianuarias, Silvestri, in Priscillae (31
de dezembro, deposição de Silvestro no cemitério de
Priscila).
Ou no Index Coemeteriorum: Cymiterium Priscillae ad
sanctum Silvestrum, via Salaria (Cemitério de Priscilla
em São Silvestre, rua Salaria).
O afresco da Virgem com o Menino Jesus e o Profeta Balaão
localiza-se em uma galeria, na parte superior de um arco
sepulcral, demolido para dar espaço a outras tumbas.
Este afresco é conhecido como a mais antiga representação da
Virgem, datada de inícios do século III. Apesar de seu mau
estado de conservação, é possível discernir a presença de
uma figura feminina velada com uma criança ao colo (a qual
fita o espectador), em ato talvez de amamentá-la. Ao lado,
um homem de pé, vestido com um pallium indica algo
(uma estrela?). Ao fundo, veem-se galhos de árvore floridos.
Acredita-se que esse terceiro personagem possa ser Balaão,
apontando para uma estrela, alusão à sua profecia:
“Um astro procedente de Jacó se torna chefe, um cetro se
levanta, procedente de Israel” (Números 24,15-17).
A versão grega substituía “cetro” por homem. O astro ou
estrela, sinal de um deus ou de um rei divinizado, aludia à
monarquia davídica e, para os cristãos, ao Messias,
encarnado na figura do Cristo.
Outra possibilidade de identificação é Isaías, a partir da
profecia:
“Pois sabei que o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a
jovem concebeu e dará à luz um filho, e por-lhe-á o nome de
Emanuel (Isaías, 7,14).
Apesar do afresco ser considerado a primeira representação
conhecida da Virgem (se se excetua a Virgem com os três Reis
Magos, também nas Catacumbas de Priscilla), o Cristianismo
ainda não havia se consolidado entre finais do século II e
inícios do III, não tendo criado, portanto, uma própria
iconografia, o que levou alguns historiadores da arte, como
Victor Lasareff, a remeterem esta imagem mais à cultura
helenística que à cristã.
Qualquer que seja sua iconografia, é inegável a similaridade
entre este afresco e os sucessivos modelos bizantinos da
Panagia Galaktotrophousa (Santíssima Doadora de
Leite) e de sua deriva