(continuação do texto que acompanha a imagem principal)
As figuras foram dispostas em primeiro plano. À esquerda o espaço parece estender-se em uma paisagem distante, e a luminosidade é a do amanhecer. Na base da coluna está a citação OMNIA VANITAS (Tudo é vaidade). A iconografia da Vanitas, relacionada à fugacidade da vida, tornou-se recorrente durante o século XVII.
Esse quadro pode ser visto como um desdobramento da escolha de Hércules, em que este se submete à Virtude, aqui, com a concepção do Renascimento, associada à Sabedoria.
Veronese, em ambos os quadros, fez referências à escolha do caminho virtuoso, utilizando uma temática, ao mesmo tempo, erótica e moralizante. As duas obras apresentam modelos de iconografia política que foram associados à figura dos governantes, o que justifica o fato de terem pertencido a uma tradição de colecionismo ligada aos soberanos e ao poder. Devemos lembrar a trajetória desses quadros, que pertenceram sucessivamente a Rodolfo II, imperador habsburgo, à rainha Cristina, da Suécia, e posteriormente ao regente da França.
07/06/2011
Maria Antonia Couto
Bibliografia:
1989 – P. Watson. Wisdom and Strength. New York, Doubleday.
1998 – L. Marques (coord.) Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. São Paulo, Prêmio Editorial.
1999 – E. Panofsky. Hércules entre o Vício e a Virtude. Paris, Flammarion.
2003 – Couto da Silva, M. A. “As cópias de Veronese por François Boucher, do acervo do Museu de Arte de São Paulo”. (Dissertação de mestrado), IFCH, UNICAMP, (Prof. Dr. Luiz Marques), Campinas.