“A litografia foi realizada para ilustrar o livro Brasil Pitoresco, de Charles Ribeyrolles e Victor Frond, publicado entre 1859 e 1861. O aqueduto da Carioca, conhecido também como Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, foi amplamente documentado por viajantes e artistas durante o século XIX. A construção, em estilo romano, foi realizada entre 1744 e 1750, com o objetivo de canalizar a água do rio Carioca para o chafariz de mesmo nome, auxiliando no abastecimento da cidade. Ribeyrolles, no texto do livro, comenta: “”Salvo o aqueduto, de bom aspecto, realmente, com suas duas arcadas, não existe no Rio um único monumento público, nem uma colunata, nem uma estátua””. O monumento a D. Pedro I, de autoria de Rochet, seria inaugurado apenas em 1862.
Obras de mesmo tema, contemporâneas à fotografia de Frond, são uma pintura de Agostinho da Motta (s.d., Col. Brasiliana) e uma conhecida fotografia de George Leuzinger* (ca. 1865). Motta pintou uma paisagem de caráter mais tradicional, uma vista emoldurada pela vegetação na qual o espectador observa o aqueduto situado em um plano intermediário, e o mar e as montanhas no plano de fundo. O pintor escolheu um ponto de vista panorâmico, mais distanciado, enfatizando a integração da arquitetura na natureza fluminense, e procurando ainda representar a especificidade da vegetação local. Já na litografia realizada a partir da fotografia de Victor Frond a visão do aqueduto é muito aproximada aos olhos do espectador. O ângulo fotográfico escolhido por Frond é inusitado, em relação às representações tradicionais do Arcos da Lapa realizadas pelos viajantes.O trabalho do litógrafo possivelmente enfatizou a geometria das construções.
Maria Antonia Couto da Silva
09/07/2010
Bibliografia
RIBEYROLLES, Charles. Brasil Pitoresco. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1980, v.1, p. 200.
VASQUEZ, Pedro. Mestres da fotografia no Brasil. Rio de Janeiro, CCBB, 1995, p. 48.
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