“A pintura de batalhas constitui um dos mais celebrados temas da pintura de história. Representa episódios de guerra, eternizados por meio de detalhes ou do conjunto da cena, geralmente em telas monumentais, por vezes panorâmicas.
Pintores como Albrecht Altdorfer (1480-1538) ou Paolo Ucello (1397-1475) destacaram-se neste gênero, cabendo ainda a Leonardo da Vinci (1452-1519) e a Michelangelo (1475-1564) – com seus desenhos para os afrescos (não executados) das batalhas de Anghiari e de Cascina – tornarem-se modelos para as gerações seguintes.
Na primeira metade do século XIX, a pintura de batalhas conquista um espaço privilegiado. As campanhas napoleônicas pela Europa darão a pintores como Antoine-Jean Gros (1771-1835) um vasto campo para a exaltação da história francesa e de seu maior conquistador, encontrando depois grande fôlego na França de Louis Philippe, com Horace Vernet (1789-1863).
Victor Meireles de Lima (1832-1903), pintor de formação neoclássica no Brasil, Itália e França, foi grande artista no gênero. Após pintar a “”Batalha Naval de Riachuelo”” em 1872, recebe a encomenda para a batalha de Guararapes, um episódio da guerra entre portugueses e holandeses em Guararapes, na região do Recife, em 1649, pela posse da colônia portuguesa.
A monumental pintura é composta por uma espécie de frisa, onde a armada luso-brasileira avança em direção à holandesa, evidenciando a cada passo os ilustres personagens do evento, como André Vidal de Negreiros em seu cavalo, em pose semelhante a uma estátua equestre, contra Pedro Keeweer e seu cavalo branco, ambos ao chão.
Se, de um lado, grupos de homens minuciosamente desenhados lutam, ao fundo, a paisagem e o céu iluminado comprovam a calma e colorística característica do pintor.
Exibida na Exposição Geral de 1879 junto à monumental obra de Pedro Américo (1843-1905), a “”Batalha de Avaí””, a crítica acusou-a de falta de movimento e belicosidade, em forte contraste com a vívida batalha de Américo.
Em resposta, diz Meirelles: “”não tive em vista o fato da batalha no aspecto cruento e feroz […]; foi um encontro feliz, onde os heróis daquela época se viram todos reunidos. A tela […] é uma dívida de honra que tínhamos a pagar, com reconhecimento, em memória do valor e patriotismo daqueles ilustres varões””.
Elaine Dias
16/02/2011
Bibliografia:
1888 – L. Gonzaga-Duque Estrada, Arte Brasileira. Campinas, Mercado das Letras, 1995.
2005 – J. Coli, Como estudar a arte brasileira no século XIX. São Paulo: Senac.
“