(continuação do texto que acompanha a imagem 2)
Como nota Luciano Migliaccio, neste quadro o técnico de ferrovias, meio de transporte essencial para o desenvolvimento econômico do Estado, é retratado em sua casa, enquanto lê, afundado na poltrona preferida. Migliaccio considera:
“Difícil encontrar uma exaltação tão clara e ao mesmo tempo humilde da ética positiva da época fundada no progresso técnico, no ensino e na família. O burguês, que, com sua formação tecnológica e científica, assegura o crescimento e o progresso do Estado, encontra no seio da família, circundado pelas virtudes domésticas das mulheres, e na educação dos filhos a serenidade de um descanso justo e útil”.
O pintor opõe em suas obras as paisagens campestres e os caboclos em atividades cotidianas à cidade em ascensão, “invisível mas inegavelmente presente”. Como nota ainda o autor:
“Os quadros de Almeida Jr. são pintados para uma burguesia agrária e citadina cujo horizonte é a grande metrópole. É uma burguesia que, da fazenda, vai a Paris. São exibidos nas mostras internacionais da capital francesa e de Chicago, ao lado das imagens do progresso brasileiro promovido pela mesma classe de fazendeiros e técnicos que o pintor, com tanta habilidade, soube retratar.”
Maria Antonia Couto
26/07/2011
Bibliografia:
2000 – L. Migliaccio. “O século XIX”. In: Mostra do Redescobrimento, 2000, São Paulo. Arte do século XIX. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, p. 144.
2001 – A. L. Martins. Revistas em revista: imprensa e práticas culturais em tempo de República. São Paulo : Edusp, p. 199-202.
2004 – H. Segawa. Prelúdio da metrópole: arquitetura e urbanismo em São Paulo na passagem do século XIX ao XX. São Paulo: Ateliê Editorial, p.48.
2006 – A. Amaral. “Antecedentes: A luz de Almeida Júnior”. In: Textos do Trópico de Capricórnio: artigos e ensaios (1980-2005). v.1 : modernismo, Arte Moderna e o compromisso com o lugar. São Paulo, Ed. 34., pp. 13-23.