(continuação do texto que acompanha a imagem principal)
A ampla produção de Landaluze em Cuba abarca a escrita, a caricatura de sentido político e a pintura de costumes. Maneja a aquarela e o óleo, tratando este com a luminosidade e transparência da aguada, com uma paleta muito rica.
Um dos primeiros artistas a captar a vida cubana em sua essência e peculiaridades, Landaluze pertencia a uma família abastada que lhe permitiu uma educação esmerada, graças à qual chegou a dominar seis idiomas e teve a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos sobre arte por meio de viagens à Espanha e à França, instalando-se em Paris durante um curto período.
Landaluze foi durante os primeiros anos do século XX muito criticado por diversos autores devido a sua oposição à independência cubana, que o levara a formar parte do “Cuerpo de voluntários” da Ilha em apoio ao exército espanhol. Seu prestigio como caricaturista leva-o a ser colaborador de várias publicações periódicas chegando a trabalhar inclusive para o Diário da Marinha, o jornal mais importante destes anos.
Suas caricaturas, do mesmo modo que este Día de reyes, inspiram-se em grande parte nos personagens e tipos da sociedade colonial cubana. Em Don Junípero, pequeno jornal fundado pelo artista em 1862, publicado com regularidade semanal entre os anos 1862/1864 e 1866/1869, Landaluze recria de forma caricatural cenas de fábricas de tabaco, de trabalhadores portuários negros e brancos, e da vida em geral, recorrendo a tom satírico para pôr em relevo a “inaptidão” dos cubanos para se governarem, além de relatar outras noticias de cunho internacional.
A obra de Landaluze, com seus 2000 desenhos e caricaturas, revela a maestria de um artista de grande capacidade de observação e senso do detalhe e das formas, qualidades que conferem a suas criações, além do evidente valor estético, um valor documental.
Monica Villares Ferrer, Master em História da Arte.
28/04/2010
Bibliografia
1950 – R. Neumann, Víctor Patricio de Landaluze. Su obra y su época. Arquitectura (La Habana) AñoXVIII, Nº 206, septiembre, pp.422-427.