Este retrato de Don Fernando VII de Bourbon pertence ao pintor cubano filho de `pardos libres` Vicente Escobar y Flores.
A obra trai a admiração por Goya e um bom conhecimento de seus retratos régios, misturados com a ingenuidade “primitiva”, como a denominara a critica cubana de inícios do século XX. Não obstante a evidente desproporção nos membros da figura, Escobar consegue imprimir ao personagem certo carácter.
Anunciado na imprensa cubana da época como professor de desenho e retratista, poucos são os dados documentais da vida do pintor. Muito apreciado na sua época como retratista, seu nome chegou a ser incluído como referência no romance Cecilia Valdés, uma das publicações mais importantes do século XIX cubano. Nele, Cirilo Villaverde menciona Escobar como o autor dos retratos que decoram o salão familiar dos Gamboa, emblemáticos do gosto da aristocracia havanesa.
A partir desta obra literária tece-se a lenda sobre a vida deste artista que o escritor descreverá como dono de uma vida privilegiada que permitiu-lhe viajar a Europa e estudar na Academia de San Fernando em Madrid, chegando a ser nomeado pintor de Câmara das Cortes Espanholas.
Neste retrato régio, Escobar é manifesta a tentativa de exprimir uma visão da psicologia e do status social de seus personagens, imprimindo-lhes, embora de maneira primária, certa vivacidade. Entre a extensa galeria dos personagens retratados por Escobar encontram-se os Capitães Gerais da Ilha, obras levadas pelas autoridades espanholas quando da declaração de independência cubana e exibidas hoje em coleções espanholas, assim como uma grande coleção de rostos femininos representativos das mais abastadas famílias do século XVIII e XIX cubano.
Monica Villares Ferrer, Mestre em História da Arte.
03/05/2010