Situadas na via Salaria, as Catacumbas de Priscilla são, ao
lado das de Domitilla, as mais antigas de Roma. Seus
primeiros ambientes remontam ao século II, tais como o
hipogeu da família dos Acili Glabrioni, à qual pertence
Priscilla, doadora do terreno à comunidade cristã.
A Capela Grega (Cappella Greca), pertencente decerto
a uma rica família, é dividida em dois ambientes por um arco
e é assim chamada por causa de duas inscrições em grego
pintadas em um de seus três nichos.
Sua decoração é datada de finais do principado de Galeno
(253-268). Ela é enriquecida com estuques de boa qualidade
representando o Bom Pastor e é quase inteiramente afrescada
com motivos decorativos (festões e guirlandas), cenas
bíblicas e imagens assimiladas do repertório antigo, tais
como as quatro estações (conserva-se a Alegoria do Verão) e
o “Fênix em chamas”, símbolo da ressurreição, este último
recoberto em um momento ignorado e redescoberto em 1951.
Dentre as cenas do Antigo Testamento, contam-se dois
episódios da história de “Suzana e os Velhos” (Daniel 13) e
um “Moisés que faz jorrar água do rochedo” ( Êxodo 17,6),
considerados prefigurações, respectivamente, da salvação e
do batismo.
Dentre as diversas cenas neotestamentárias, vê-se sobre o
arco divisório da capela uma das primeiras representações
conservadas não apenas da Epifania (Mateus 2), mas também da
Virgem com o Menino Jesus.
O tema da Epifania é frequente não apenas na pintura mural
das catacumbas, mas também em sarcófagos dos séculos III e
IV. Ele simboliza, possivelmente, a homenagem e a submissão
da sapiência persa ao advento da incarnação.
Luiz Marques
03/05/2012
Bibliografia:
1981 – S. Carletti. Guida delle Catacombe di Priscila.
Pontificia Commissione de Archeologia Sacra. Citta del
Vaticano, pp. 25-29.
2009 – V. Fiocchi Nicolai, F. Bisconti, D. Mazzoleni, Le
Catacombe Cristiane di Roma. Regensburg: Schnell e Steiner,
pp. 87-88.