Não é unânime a identificação da estátua encontrada em Ostia
com Vibia Sabina (82/88-137), considerada em caso positivo
seu primeiro retrato conhecido. Para Calza, apud
Carandini [1969:134], este retrato como Vênus Genitrix
“poderia ter sido criado após o restauro do Templo de Vênus
no Fórum de César em Roma, que continha a estátua de Vênus
Genitrix, inaugurado, segundo os Fastos Ostienses, em 18 de
maio de 113″.
Como se sabe, uma cópia da estátua brônzea da Venus
Genitrix por Calímacos (420 a.C. circa) fora encomendada
em 46 a.C. ao escultor neo-ático, Argesilao, por Júlio César
para este templo edificado em seu Fórum e consagrado à deusa
ancestral de sua gens.
Os imperadores após César reivindicaram esta mesma
ascendência divina, o que explica a grande quantidade de
cópias deste tipo de Vênus ainda conservadas, mais de 60 em
escala natural (além de dezenas de reduções em argila e
bronze), destacando-se neste conjunto a esplêndida versão do
Louvre*.
Víbia Sabina era filha de L. Vibius Sabinus e de Salonia
Matidia Maior, a qual era filha de Marciana, irmã do
imperador Trajano. Sabina desfrutava por tais origens de uma
posição social superior à de Adriano. Graças, entretanto aos
bons préstimos de L. Licínio Sura (general de confiança de
Trajano na guerra da Dácia e cônsul pela terceira vez em
107), Adriano aproxima-se progressivamente de Trajano e
casa-se em 100 com sua sobrinha-neta. O casamento foi
advogado por Plotina, esposa de Trajano, mas segundo o
biógrafo L. Marius Maximus, pouco desejado pelo Imperador.
O restauro do templo de Venus Genitrix em Roma, em
113 pode efetivamente ter fornecido a Sabina a ocasião deste
retrato ostiense, tanto mais porque em 112 morre Marciana,
sua avó materna, e Trajano a diviniza, edificando em Roma
uma basílica em sua honra.
Luiz Marques
09/02/2010
Bibliografia:
1969 – A. Carandini, Vibia Sabina. Funzione politica,
iconografia e il problema del Classicismo Adrianeo.
Florença, Olschki