Registro inventarial: inv. 1 F
Esta sanguina fornece um importante elo de ligação entre o Tondo Doni* – encomenda motivada pelas núpcias de Agnolo Doni e de Maddalena Strozzi em janeiro de 1504, ou pelo nascimento de seu filho, em 1506, ou mesmo de sua filha em 1507 – e os afrescos da Capela Sistina.
Ele é parece ser um estudo preparatório para a cabeça da Virgem do Tondo Doni e para a cabeça do Jonas da Capela. Baumgart [1934:344] e Natali [1985:21] valorizam essa ambivalência para aproximar a data do Tondo Doni dos anos da Capela Sistina, que Michelangelo começa a decorar em 1508, o que supõe estudos preparatórios remontando a 1507.
Esta ambivalência explica-se, segundo estes autores, pela existência de uma fonte comum, o Alexandre agonizante, hoje nos Uffizi, mas em Roma até 1579.
As similaridades entre a Virgem do Tondo Doni e os afrescos da Capela Sistina, notadamente com as Sibilas, foram sublinhadas por Wölfflin [1891:54], para quem ela é die leibliche Schwester der Erythraea (a irmã consanguínea da Sibila Eritréia) e compartilha os mesmos motivos e movimentos do torso da Délfica.
Também Tolnay [1943] e Wilde [1950/1978:45] reiteram estas convergências. Para Tolnay, mais precisamente, “a cabeça do último profeta, Jonas, foi executada em posição invertida a partir da sanguina da cabeça da Madona. O desenho parece ser mais poderoso que a cabeça da Madona Doni e usada de novo para o Jonas”.
Luiz Marques
26/01/2011
Bibliografia:
1934 – F. Baumgart, “Contributi a Michelangelo”. Bollettino d´Arte, XXVII, pp. 344-354.
1943 – C. de Tolnay, Michelangelo. Volume I: The Youth of Michelangelo, Princeton Univ. Press, 1969, p. 166.
1950 – J. Wilde, Michelangelo. Six Lectures. Ed. por M. Hirst e J. Shearman. Oxford Studies in the History of Art and Architecture. Oxford: Clarendon Press, 1978, p. 45.
1985 – A. Cecchi, A. Natali, L. Berti, Michelangelo. I disegni di Casa Buonarroti. Catálogo coordenado por L. Berti. Florença, p. 21.