Rodolfo Bernardelli, estudando como pensionista em Roma da Academia Imperial de Belas Artes, enviava ao Brasil em 1878 o baixo-relevo: Fabíola ou o Primeiro Martírio de São Sebastião.
O assunto do baixo-relevo relaciona-se a uma passagem do livro “Fabíola ou a Igreja das Catacumbas”, do Cardeal Nicolas Patrick Wiseman (1854).
Trata-se de uma história que se passa em meio à sociedade romana antiga, particularmente entre os cristãos de Roma. Seu objetivo principal, segundo o Grand Dictionnaire Universel du XIX Siècle, é familiarizar o leitor com os usos, os hábitos, as condições, as idéias e o espírito dos primeiros anos do cristianismo.
A heroína Fabíola é uma nobre romana que conhece São Sebastião e por ele se apaixona. Esse amor faz com que a jovem descubra o cristianismo, aprofunde sua amizade com sua prima, Santa Irene e com sua protegida, Santa Cecília, martirizadas no decorrer da trama.
A jovem Fabíola possui diversas escravas e, entre elas, duas se destacam pelo contraste: Syra, cristã, é muito devotada a ela, e jura que irá convertê-la ao cristianismo. Por outro lado Afra, uma númida, hábil em artes ocultas, é uma figura passional e corrupta.
Um dos momentos mais destacados da trama é aquele em que Fabíola aceita a proposta de Afra, cujo amante, Hyphax, é o chefe dos arqueiros. Em troca de dinheiro e da sua liberdade, a escrava consegue que nenhum ponto vital do santo seja atingido pelos arqueiros, de forma que possa sobreviver ao suplício, e seja recolhido pelos escravos de Santa Irene. Posteriormente, o santo é novamente aprisionado e, então, morto.
O momento escolhido pelo artista consta no catálogo da Exposição Geral de Belas Artes de 1879:
“Desfalecido pela perda de sangue, e julgado morto, foi o corpo entregue aos escravos de Santa Irene, que o reclamara para dar-lhe sepultura. Na ocasião destes o levantarem do chão, são surpreendidos por Afra que, aproximando-se deles, diz-lhe: ´Ainda está vivo´.”
Maria do Carmo Couto da Silva
12/04/2010
Bibliografia:
1879 – Catálogo das obras expostas na Academia de Belas Artes. Rio de Janeiro: Typ. do Pereira Braga.