Este relevo, executado por Rodolfo Bernardelli em Roma, tem como objetivo o exercício da representação de um nu masculino com bastão, prática corrente entre os artistas no século XIX para um melhor domínio técnico.
Nesta obra podemos observar o estudo anatômico do corpo, com o homem representado de costas, mas voltado para o expectador de forma que podemos observar sua face. É importante notar que o artista buscou captar também a expressão do personagem, que se apresenta pensativo.
Podemos perceber ainda que Bernardelli estudou a disposição dos volumes no relevo, com áreas que se projetam em relação ao plano de fundo, como o calcanhar do pé direito ou o ombro esquerdo do personagem, além da cabeça, que segue a torção do corpo.
Durante o período de seu pensionato no exterior, os artistas costumavam receber cartas enviadas por diversos colegas e professores da Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro,comentando seus trabalhos,o que nos permite perceber como esses trabalhos foram vistos por seus contemporâneos, assim como as críticas e qualidades que foram enfatizadas nas obras.
Comentando este trabalho de Bernardelli há uma carta do professor Zeferino da Costa, na qual o pintor afirma:
“A Academia de homem é boa, também bem modelada, porém acho o braço esquerdo que está sem escorço, não bem compreendido o efeito perspectivo desse mesmo escorço, o pau que está no ombro, talvez por estar saliente demais me parece não ocupar bem o seu plano, finalmente a perna direita acho comprida.”
Maria do Carmo Couto da Silva
08/10/2010
Bibliografia:
2005 – M. C. Couto da Silva. A obra Cristo e a mulher adúltera e a formação italiana do escultor Rodolfo Bernardelli. Campinas. Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, p.58.