Registro inventarial: inv. n. 804
Considerada uma das mais conservadas e espetaculares obras do período geométrico ateniense, esta ânfora provém da necrópole de Kerameikos, diante do Dipylon de Atenas, onde quase outros 50 vasos foram encontrados.
Ânforas como esta demarcavam o túmulo de um membro da aristocracia ateniense e serviam além disso como receptáculos de libação, isto é, de oferenda de uma bebida, normalmente vinho, consagrada a uma divindade ou à memória do falecido ou falecida.
Atenas 804 é inteiramente recoberta de frisas geométricas e animalistas, e entre as alças vê-se a representação de uma prothesis, isto é, de um rito de lamentação fúnebre em torno de um cadáver exposto sob um baldaquino, no caso o de uma mulher, envolta em um longo vestido.
O ateliê do Mestre de Dipylon domina o assim chamado Tardo Geométrico I, a partir de 770 a.C., período no qual as figurações em meio aos padrões geométricos começam a ganhar maior complexidade, chegando a constituir verdadeiras cenas, em geral de caráter funerário ou, em menor escala, de batalhas terrestres e navais. Embora menores, tais cenas exibem muito maior qualidade que as do Tardo Geométrico II, de finais do século.
Como faz notar Coldstream (p. 109), “das cenas dos vasos funerários (…), podemos nos fazer uma ideia das práticas correntes de uma época na qual o rito de inumação prevalece rapidamente sobre o da cremação
Luiz Marques
18/03/2011
Bibliografia:
1963 – S. Meletzis, Le Musée archéologique National d´Athènes. Zurique: Éd. Schnell e Steiner, p. 46
1977 – J. N. Coldstream, Geometric Greece. Londres: Metuhen, pp. 110-112