Registro inventarial: inv. Q 146
O nome da pintura deriva do Oratorio del Divino Amore, de Roma, e foi dado por Cavalcaselle e Crowe em consideração à intensidade devocional da obra, já elogiada por Vasari
Seu tema corresponde à descrição feita por Vasari da Sagrada Família pintada por Rafael (1483-1520) para o cardeal Lionello Pio da Carpi:
…vedendosi nel viso della Nostra Donna una divinità e nell´attitudine una modestia, che non è possibile migliorarla. Finse che ella a man giunte adori il Figliuolo che le siede in su le gambe, facendo carezze a San Giovanni piccolo fanciullo, il qual lo adora insieme con San Giuseppo…
“…vendo-se no semblante de Nossa Senhora uma divindade e na atitude um recato que não é possível melhorar. Representou-a com as mãos postas como a adorar o Filho, que se senta sobre sua perna, fazendo carícias a S. João menino, que o adora juntamente com S. José…”.
A pintura mostra um grupo principal com a Virgem e o Menino, São João Batista Menino e Santa Isabel inseridos num espaço arquitetônico. São José é visto ao fundo, como personagem acessória, e é a única discordância da descrição vasariana.
A crítica geralmente considera a ideação dessa obra de autoria de Rafael, embora não existam desenhos preparatórios remanescentes e se admita não haver nela qualquer pincelada sua. Freedberg [1961] e Fischel [1948] negam que a invenção seja de Rafael. A ênfase diagonal dada pela perna da Virgem e a postura do Batista ajoelhado, evocam formas que figuram em antigos grupos compositivos de Rafael, sobretudo a Madona do Prado [Viena], que, por sua vez, remete às composições de Leonardo para a Virgem com Santana [Londres].
A atribuição da execução está dividida entre Giovanfrancesco Penni (1496c.-1528) e Giulio Romano (1499c.-1546), com maior tendência ao primeiro. A Penni a pintura é atribuída por Dollmayr [1895], Fischel [1948] e Freedberg [1961].
Cavalcaselle [1882] e Camesasca [1956] atribuem-na a Giulio Romano. A suavidade do tratamento da camada pictórica, com delicadas passagens de luz e sombra e maior diluição remetem a Penni.
A datação mais comum é colocada entre 1518 e 1520, porém a data em torno de 1520 é aquela sugerida pelo museu que abriga a pintura. Para Joannides [1985], de toda forma, a obra deveria ser situada próximo da Madonna de Francisco I, no Louvre.
Letícia Andrade
24/01/2011
Bibliografia:
1550 – G. Vasari. Vite, ed. Bellosi, Rossi, Previtalli, 1986, p. 655
1568 – G. Vasari. V