“O romance “”O Gaúcho””, segundo Araripe Júnior, foi o primeiro que José de Alencar publicou depois da sua decepção com a vida pública e com a política:
“”o que quis ele exprimir com esse homem singular dos pampas, esse Manuel Canho, triste, excêntrico, cruel, em oposição a tudo, revoltado contra a sociedade, alimentando sistematicamente o ódio contra os homens, isolado como uma fera no deserto, perlustrando, cheio de pensamento homicida, as vastas savanas, sem uma palavra de amor para seu semelhante…””
Esse aspecto da violência na vida do personagem Manuel Canho é representado por Bernardelli em seu relevo. Canho sai em busca do responsável pela morte de seu pai, ocorrida em sua infância, e o encontra pela primeira vez, enfermo, compadecido, cuida dele. Ele volta então uma segunda vez a sua casa, tempos depois, e o encontra já restabelecido, matando-o perversamente com a mesma lança que fora usada na morte de seu pai. O escultor recriou então a cena do embate entre os dois, ambos a cavalo:
“”Foi então uma luta de rapidez e agilidade entre cavalos e cavaleiros; enquanto estes mudavam de atitude a cada instante, ora mascarando-se com o corpo do animal, ora, quando fugiam à desfilada, voltando a frente para não perder os movimentos do inimigo, os cavalos de seu lado apostavam de ligeireza e força nos galões que davam para o lado, e na prontidão com que empinavam para rodar sobre os pés, ou arremessar o salto.””
Maria do Carmo Couto da Silva
09/08/2010
Bibliografia:
1978 – Araripe Júnior. Teoria, crítica e história literária. São Paulo: Edusp, p.76.
1998 – J. de Alencar. O gaúcho. 3. edição. São Paulo : Ática. Disponível em:
http://www.bibvirt.futuro.usp.br. Acesso em 09/08/2010.
(continua no texto que acompanha a imagem 7)
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