Para o texto de João 20,11-18 que constitui a fonte desta cena, ver o Noli me tangere da Maestà de Duccio.
Na Vida de Andrea del Sarto (1550), Vasari, escreve a respeito dessa obra:
Né molto dopo in San Gallo, chiesa dei frati Eremitani Osservanti di Santo Agostino, fuor della porta a San Gallo, gli fu fatto fare per una cappella [Morelli] una tavola d`un Cristo, quando in forma di ortololano apparisce nell`orto a
Maddalena, la quale opera per colorito e per una certa morbidezza et unione, è dolce per tutto e cosí ben condotta, che ella fu cagione che non molto poi ne fece due altre
nella medesima chiesa.
A igreja foi destruída em 1529 no contexto do assédio de Florença pelas tropas de Clemente VII e Carlos V. A cena devia ser particularmente cara a essa Ordem, pois Agostinho a comenta circunstanciadamente em uma Homelia, remetendo-a à problemática da intangibilidade do conhecimento de Deus.
A pintura foi transferida para a igreja de S. Jacopo tra` Fossi, na capela dos Morelli, família florentina de comerciantes de seda e prováveis comitentes da obra, que encomendam a Andrea, em 1512, o Arcanjo Gabriel e Tobias*, de Viena. A inundação do rio Arno em 1557 arruína toda a parte inferior da composição.
A obra é característica do estilo de Andrea del Sarto (1486-1531) anterior ao de sua estada romana em 1511, seja pelo sfumato leonardiano (que Vasari acima chama unione), seja pela atmosfera devota dos pintores “savonarolianos”, como Fra Bartolomeo e Mariotto Albertinelli, seja ainda pelo sereno talhe clássico do torso do Cristo, anterior à monumentalidade mais atormentada das figuras michelangianas da Sistina.
Luiz Marques
05/02/2010
Bibliografia:
1992 – A. Natali, A. Cecchi, Andrea del Sarto. Catalogue complet, Paris, p. 28