No final dos anos 1860 o escultor Cândido Caetano de Almeida Reis, enquanto pensionista da Academia Imperial de Belas Artes em Paris, realizou a escultura O Rio Paraíba do Sul (1867), obra em que a imagem de um índio representa um rio e que guarda grande semelhança com as esculturas realizadas por Louis Rochet para o Monumento a D. Pedro II (1862) do Rio de Janeiro, pela sua representação naturalística, principalmente em relação à observação dos traços étnicos do personagem. Sobre essa obra, escreve Gonzaga Duque:
A Paraíba feita em época muito distante (1867) já pode ser considerada o prenúncio de um artista destinado à aplicação das leis da estética moderna à escultura, tais são os caracteres especiais que a crítica lhe nota. Em 1867 Almeida Reis era um interno da Academia, e, nesta condição devia escolher assunto, segundo é praxe, na Bíblia, guardando o maior respeito pela forma pura e imutável do classicismo. Ora a Paraíba nada tem de bíblico, logo acusa o mais irreverente desprezo pela fria forma das alegorias acadêmicas, arrojo este que, sem dúvida alguma, contrariou a ditadura oficial da arte. A escultura é moldada em gesso e representa uma índia assentada sobre um rochedo donde ele separa duas pedras que dão livre passagem à veia d`água. E com vigor de movimento que o artista lhe deu foi-se a muito pretendida e assaz falada dignidade da forma.
Maria do Carmo Couto da Silva
11/04/2010
BIBLIOGRAFIA
DUQUE-ESTRADA, Luis Gonzaga. A arte brasileira. Campinas: Mercado de Letras, 1995. (Coleção Arte: Ensaios e Documentos).
MILLIET, Maria Alice. O corpo do herói. São Paulo: Martins Fontes, 2001.p.185.