Não há registro de proveniência deste retrato antes do século XIX, quando se encontrava na coleção de Lord Acton, em Londres.
A restauração do quadro em 1965 liberou a obra de repinturas e permitiu uma reavaliação positiva da atribuição a Rafael. O raio-x revela que a obra foi executada em dois tempos. Primeiramente, a mão não era exibida e o vestido era mais decotado.
A mão sobre o coração é uma ideia presente em diversos retratos femininos do segundo decênio, de Rafael (Donna Velata*, Fornarina*), de Sebastiano del Piombo (a assim chamada Fornarina*, a Dorotea*, etc.) ou de Dosso Dossi. Ela parece convir especialmente ao retrato feminino em três-quartos, já que a posição da mão poria em evidência no primeiro plano a sede do sentimento.
Michel Laclotte avançou a hipótese de que o retrato tenha sido executado como pendant do de Bindo Altoviti (Washington, National Gallery*), de mesmas dimensões e fundo semelhante. Neste caso, poder-se-ia identificar a retratada como a esposa do famoso banqueiro florentino radicado em Roma, grande mecenas, comitente de Rafael (vide Madonna dell´impannata* no Palazzo Pitti), retratado por Rafael*, Cellini* e Jacopino del Conte*, protetor de Vasari e amigo dileto de Michelangelo.
Luiz Marques
04/11/2010
Bibliografia
1965 – M. Laclotte, Le XVIe Siècle Européen. Peintures et Dessins dans les Collections Publiques Françaises. Catálogo da exposição. Paris, Petit Palais, p. 198
1983 – P. Cuzin, Raphael. Vie et oeuvre, Friburgo, Office du livre, p. 236