Registro inventarial: inv. 1434
Na base da coluna, lê-se: “STEP[HANUS] COLUMNA IIII / BRO(N)ZI(NUS) / FLO / FAC / MDXLVI
Pertencente à linhagem dos príncipes de Palestrina, filho de Francesco di Stefano Colonna e de Orsina Orsini, Stefano IV Colonna nasce no último decênio do século XV. Desde os anos 1520, toma ativamente parte nas guerras de Itália como
Em 1524, Stefano deixa o campo imperial e põe-se a serviço de Clemente VII, assumindo as malogradas defesas de Roma em 1526, contra as milícias comandadas pela própria família, e em 1527, quando do terrível saque de Roma pelas forças imperiais.
Após vãs tratativas com o duque de Urbino para retomar o controle da Urbe, Stefano Colonna ingressa em Bolonha no séquito de Lautrec, lutando sucessivamente sob as ordens diretas de Francisco I. Em tal condição, obtém em 1529 o comando da defesa da República Florentina contra o assédio imperial que terminaria por expugnar a cidade em 1530, devolvendo-a ao domínio dos Medici.
Com a rendição de Florença, Stefano Colonna vai a Paris, onde é condecorado por Francisco I com a Ordem de Saint Michel. Ao final de 1535, invade a Itália à frente de um exército francês e ocupa o Piemonte, tornando-se governador de Turim. Retorna em seguida à França, onde combate as tropas imperiais. Incidentes entre as tropas italianas e francesas, além de dissabores diversos, levam-no a deixar o serviço do rei francês e a retornar a Roma.
Em 1537, em meio às lutas pelo controlo de Florença após o assassinato do duque Alessandro de´ Medici, os exilados florentinos tentam cooptá-lo para dirigir as tropas republicanas com vistas à restauração da República. A recusa de Stefano vale-lhe a gratidão de Cosimo de´ Medici que o nomeia em 1541 seu lugar-tenente em Florença, o que leva o condottiere a devolver a Francisco I sua insígnia da Ordem de Saint Michel, dadas as próximas relações de Cosimo I com a parte imperial.
Em 1543, com o acordo de Cosimo I guerreia a serviço de Carlos V na Flandres, retornando logo em seguida a Florença. Stefano Colonna tem então aproximadamente 50 anos e para ele se inicia um período de menor atividade militar e mais íntima convivência com as letras e com a filosofia. Verseja no âmbito da Accademia Fiorentina, na qual se encontra também Bronzino (1503-1572).
A Cosimo I Stefano oferta o fragmento de torso antigo com o qual Benvenuto Cellini criará seu famoso Ganimedes* (1548-1550), hoje no Museo Nazionale del Bargello (inv. 403) em Florença. À sua morte, em 1548, Cosimo I oferece-lhe pompas fúnebres em San Lorenzo e encomenda a Benedetto Varchi uma Orazione funerale sopra la morte del signore Stefano Colonna da Palestrina, publicada no mesmo ano em Florença por Lorenzo Torrentino.
O retrato mostra Stefano numa armadura com adornos dourados, provavelmente fabricada por Matteo de´ Piatti, célebre armaiolo de Milão. Sobre o peito, vê-se a coluna, emblema da família. A coluna à esquerda, além de seus significados habituais (força, fidalguia, Antiguidade), tem obviamente também função heráldica. A boina, não habitual em um retrato militar, teria a função de ocultar a calvice de Stefano, evidente, como faz notar Costamagna, na gravura de Aliprando Caprioli que orna a sua biografia nos Ritratti di cento capitani illustri (1600).
O estudioso francês ressalta a importância para este retrato de Bronzino dos precedentes da retratística de Tiziano e de Sebastiano del Piombo. A unidade tonal do retrato, graças à qual o metal da armadura é aquecido pelos tons do cortinado e da mesa atestam-no claramente. Isto posto, o caráter artificial da pose – o braço direito, na realidade, não se apoia na base da coluna -, a posição das mãos afiladas e submetidas a implacável análise anatômica, e sobretudo a distância psicológica da personagem demonstram a marca inconfundível de Bronzino, retratística de corte por excelência.
Conserva-se em coleção privada um desenho autógrafo preparatório e finamente executado do semblante do retratado.
Luiz Marques
09/07/2011
Bibliografia:
s/d – F. Petrucci, Stefano Colonna. Dizionario biografico degli italiani, Fondazione Treccani, ad vocem.
2010 – P. Costamagna, in, C. Falciani, A. Natali, Bronzino. Pittore e poeta alla corte dei Medici. Catálogo da exposição. Florença, Palazzo Strozzi, p. 266