O termo Salone dei Cinquecento (Salão dos Quinhentos)
permanece ligado à sua criação, exigida pelo novo regime
republicano advindo da expulsão dos Medici em 1494.
Governada inicialmente (1494-1498) por Girolamo Savonarola
e, após a execução deste, por um conselho liderado por Piero
Soderini, eleito em 1502 Gonfaloniere perpetuo, a
República florentina (1494-1512) instituiu por vontade de
Savonarola um Conselho Geral do Povo, segundo o modelo da
República veneziana.
O projeto e a construção deste espaço destinado a tal grande
Conselho devem-se a Antonio da Sangallo, Simone del
Pollaiuolo, chamado il Cronaca, e Francesco di Domenico.
Para sua primeira decoração foram convocados Michelangelo
(1475-1564) e Leonardo da Vinci (1452-1519), que deviam
cobrir suas paredes com afrescos representando cenas de duas
batalhas da história republicana da cidade, respectivamente
a Batalha de Cascina*, ocorrida em 1364, e a Batalha de
Anghiari*, ocorrida em 1440. Os afrescos, contudo, não foram
executados e deles se conhecem apenas desenhos preparatórios
e uma cópia de um fragmento do cartão michelangiano.
Em sua forma atual, o Salone dei Cinquecento é o mais
suntuoso e representativo espaço interno de representação da
Florença ducal, vale dizer do regime instaurado pelos Medici
após a definitiva derrota da última República florentina, em
1530.
Em 1540, o duque Cosimo I (1519-1574) instala-se com sua
família na sede do governo republicano, o Palazzo della
Signoria (mais tarde chamado Palazzo Vecchio),
transformando-a em residência ducal. Por sua iniciativa, o
espaço do salão foi inteiramente reestruturado entre 1563 e
1565 por Giorgio Vasari (1511-1574), restruturação que
resultou na elevação do teto em aproximadamente sete metros.
A decoração pictórica das paredes e do teto, com seus 42
quadros foi executada por Vasari e por uma equipe de
pintores sob seu comando, dentre os quais se contam Jacopo
Stradano, Jacopo Zucchi, Giovanni Battista Naldini, Stefano
Veltroni, Prospero Fontana, Santi di Tito, Ridolfo del
Ghirlandaio, e outros.
O programa iconográfico, representando episódios da história
de Florença e do Granducado da Toscana, foi elaborado por
Vincenzo Borghini (1515-1580), que converte a família Medici
em uma verdadeira dinastia.
Na Vida de Michelangelo, Vasari escreve, referindo-se a si
mesmo na terceira pessoa: