O fascínio pela angústia da morte artística e física do
artista, pela morte como essência de seu destino, produzira-
se com grande radicalidade notadamente na cultura germânica.
Antes de 1817, Franz Freiherr von Maltitz escrevia:
Auf dem wahren Künstlergange
Lebt´s hienieden sich nicht lange,
Trägt in sich den Todeskern
Wahre Künstler sterben gern
“No verdadeiro caminho do artista
Aqui em baixo, vive-se não muito,
Traz ele em si a essência da morte
Artistas de verdade morrem de bom grado”
Vinte anos depois, esses versos retornam com força de
emblema no bizarro desenho de Ferdinand von Rayski,
“Suicídio do artista em seu ateliê”, transcritos acima do
esboço de um retrato de von Maltitz com o olho vazado por
uma faca, enigmática homenagem ao amigo que acabara de
morrer. A seu lado, o artista enforca-se em seu próprio
cavalete, tendo aos pés o pincel e a tela rasgada e virada
para a parede.
Aristocrata pintor pertencente aos círculos de Dresden,
Raiski vive em Paris entre 1835 e 1838, em contato com
Vernet, Delaroche e Delacroix.
Luiz Marques
21/10/2011
Bibliografia:
1976 – G. Lippold, “Ferdinand von Rayski”, in V. A., La
Peinture allemande à l´epoque du Romantisme. Paris, EMN, pp.
152-154.
2008 – L. Marques, “Taunay, superação e morte do artista”.
In, L. M. Schwarcz e E. Dias, Nicolas-Antoine Taunay no
Brasil. Uma leitura dos trópicos. Rio de Janeiro: Sextante
Artes, pp. 204-213.