Considerado um dos melhores intérpretes da paisagem nordestina, Telles Júnior viveu em Recife onde, na década de 1880, tornou-se professor da Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais e do Liceu de Artes e Ofícios, do qual foi também diretor.
O quadro apresenta uma paisagem típica da região litorânea do nordeste, na qual duas mulheres que carregam cestos e caminham com dificuldade em meio a uma grande ventania. À direita, vemos uma habitação simples, coberta por folhas de palmeira.
Em primeiro plano, quase no centro do quadro, as árvores são agitadas pelo vento, o motivo central da composição. O pintor utilizou uma gama cromática reduzida, entre o marrom, o dourado e o verde, e destacou o céu, realizado com pinceladas carregadas.
Na opinião de Luciano Migliaccio, Telles Júnior “traduz com melancolia característica e austero resguardo a luz dos campos e das praias de Pernambuco”. Para o autor, o artista revela uma abordagem original da paisagem nordestina e
“O céu de verão, freqüentemente tempestuoso, as inundações repentinas, o vento deformando os troncos e as folhagens das árvores são temas caros a Telles Júnior. Por vezes, minúsculas figuras de camponeses atravessam a paisagem de luz amorenada e árida, quando não ofuscante. O fundo carrega-se de fulgores violáceos, como de uma tormenta iminente”. Como nota ainda Migliaccio:
“Encerra-se com Telles a época do panorama documental, e o sertão pernambucano torna-se um lugar do sentimento: sai das aquarelas dos viajantes para adquirir as dimensões da lírica e do vivido”.
(continua no texto que acompanha a imagem 2, detalhe)