“O tema de Vênus despertada por Cupido é um topos recorrente no exórdio de epithalamia (poemas celebrativos de núpcias) da latinidade de idade imperial e tardia, tais como em Estácio, Sylviae, I, ii, 51-60; Claudiano, Carmina minora, XXV, 1-10, Sidônio Apolinário, Carmina, XI, 47-61 e Enódio, Carmina, I, iv, 29-52. Até onde se sabe, o tema não ocorre nas artes figurativas da Antiguidade, sobrevindo na história da arte apenas em 1509c., com a Vênus adormecida de Giorgione e Tiziano, na qual figurava outrora um Cupido, obra pintada para as núpcias de Girolamo Marcello.
Provavelmente, Dosso Dossi (documentado entre 1515 e 1548) pintou esta obra por ocasião das núpcias de Ercole d´Este com a Princesa Renée, filha de Luís XII, rei de França. Em reforço dessa hipótese, vê-se ao fundo um casal endossando coroas matrimoniais.
Como sugere o autor do catálogo da Matthiesen Gallery, a obra teria por pendant um Hércules assaltado pelos Daktyloi, conservado no Joanneum de Graz (Áustria), formando assim uma dupla homenagem à noiva e ao noivo homônimo.
Luiz Marques
21/05/2010
Bibliografia
1984 – From Borso to Cesare d´Este. The School of Ferrara 1450 – 1628. Catálogo da exposição, Londres, Matthiesen Fine Art Ltd, p. 88
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