“Destruída ou extraviada durante a II Grande Guerra e da qual 
se conserva apenas um gesso no Museu da Universidade de Graz 
(Áustria), a obra representa um tema desconhecido e não 
relacionado a uma precisa fonte textual.
A se verificar a tese de Bernard Andreae (1988), segundo a 
qual o grupo vaticano do Laocoonte é uma cópia romana de um 
original proveniente de Pérgamo do século II a.C., é 
possível que se possa situar este grupo no mesmo contexto 
cultural.
As circunstâncias de sua descoberta são conhecidas. Em 1489, 
o antiquário Giovanni Ciampolini consegue exportar de Roma 
para Lorenzo il Magnifico, sem o conhecimento do cardeal 
Giuliano della Rovere (futuro Júlio II), este extraordinário 
grupo marmóreo, descoberto havia pouco em S. Lorenzo in 
Panisperna, segundo informa uma carta de Luigi da Barberino 
ao Magnifico, de 13 de fevereiro de 1489, republicada por L. 
Fusco e G. Corti (2006):
[Giovanni Ciampolini] fu notificato in uno monastero [S. 
Lorenzo in Panisperna] essere state trovate alcune belle 
cose, el che subito mi significò; haremole havute, ma 
essendo pervenuto agli orechi di San Piero ad Vincula [i.e., 
al cardinale Giuliano della Rovere], andò là et comandò che 
non si dessino a persona, né si cavassi più, perché quello 
era scoperto voleva lui, et così quello lui facessi cavare. 
Nientedimanco impulsu nostro Giovanni con un compagno, quale 
è stato mezo et che li significò tali cose, ha facto in modo 
con sue arte che la nocte faceva cavare. Et ha trovati tre 
belli faunetti in su una basetta di marmo, cinti tutti a tre 
da una grande serpe, e qualli meo iudicio sono bellissime, 
et tali che dal´udire la voce in fuora in ceteris pare 
spirino, gridino, et si difendino con certi gesti mirabili; 
quello del mezo videte quasi cadere et expirare. Questi ci 
ha promesso el Ciampolino che omnino haremo, et costeranno 
50 ducati 
[Giovanni Ciampolini] “”foi notificado de que em um 
monastério [S. Lorenzo in Panisperna] foram descobertas 
algumas belas coisas, o que imediatamente ele me informou. 
Teríamos obtido essas peças, mas a mesma informação chegou 
aos ouvidos de S. Pietro in Vincula [i.e., ao cardeal 
Giuliano della Rovere], que para lá se dirigiu e ordenou que 
não se as desse a ninguém, nem se continuasse a escavar, 
porque o que fora descoberto desejava-o e faria escavá-lo 
para si. Não obstante essa ordem, por iniciativa nossa, 
Giovanni com um companheiro, que foi envolvido e que lhe deu 
tais notícias, fez em modo que, por estrategema seu, se 
escavasse à noite. E encontrou três belos faunozinhos sobre 
uma base de mármore, enlaçados por uma grande serpente, os 
quais a meu juízo são belíssimos, e de tal modo que se lhes 
ouve a voz, e além disso parece que expirem, gritem e se 
defendam com gestos admiráveis; o fauno do centro parece 
quase cair e expirar. Ciampolini prometeu-nos que de 
qualquer maneira os teremos e custarão 50 ducados””. 
Por sua similar complexidade compositiva e emocional com o 
Laocoonte, o grupo dos Três Faunos, conservados em 1937 em 
uma coleção particular de Graz, na Áustria, cf. Schrober 
[1937:83-93], e hoje conhecido apenas por um gesso, 
representa, para a escultura italiana, um precedente crucial 
do Laocoonte e constitui, após o Apolo do Belvedere, 
descoberto no mesmo ano de 1489, o mais notável grupo 
escultórico exumado durante a vida de Lorenzo il Magnifico. 
Salvatore Settis faz notar que já Jacob Burckhardt detectara 
a importância da carta de Luigi Barberino, publicada por 
Gaye (1839):
“”em um certo sentido, poder-se-ia dizer que o Laocoonte foi 
descoberto não uma, mas três vezes. A se acreditar em 
Burckhardt, a ´verdadeira´, a primeira descoberta de um 
Laocoonte teria ocorrido em 1488″”. 
Como observado por Fusco e Corti (2006), o grupo dos Três 
Faunos é mais importante modelo da “”Batalha dos Centauros””* 
de Michelangelo. 
Veja-se: http://www.mare.art.br/detalhe.asp?idobra=2958
Aby Warburg [1914/2000:134] bem se dava conta de que “”não se 
deveria fazer depender a influência do Laocoonte somente do 
fato de sua tangível exumação. (…). Se não o tivesse 
descoberto, o Renascimento tê-lo-ia inventado””. 
Mas quanto se equivocava, por outro lado, quando afirmava 
que a descoberta dos Três Faunos em 1488-1489 (que ele não 
conhecia e acreditava fosse uma réplica do Laocoonte) era 
prematura e surgia em uma cultura artística ainda não 
preparada, como a de 1506, para entendê-la! Sua recepção 
mede-se nada menos que pela “”Centauromaquia””  de 
Michelangelo.*
Luiz Marques
08/03/2012
Bibliografia:
1937 – A. Schober, “”Eine neue Satyrgruppe””, in Römische 
Mitteilungen, LII, pp. 83-93.
1988 – B. Andreae, Laokoon und die Gründung Roms, Mainz, 
trad. ital. Milão: Il Saggiatore, 1989.
1998 – S. Settis, “”Laocoonte di bronzo, Laocoonte di marmo””. 
In, M. Winner, B. Andreae, C. Pietrangeli (ed.), Il Cortile 
delle Statue. Der Statuenhof des Belvedere im Vatikan, 
Mainz, pp. 129-160.
2006 – L. Fisco, G. Corti, Lorenzo de’ Medici. Collector and 
Antiquarian, Cambridge Univ. Press, p. 307-309.”

