Essa decoração a afresco foi descoberta em 1873 na Villa 
Lemmi, próximo à Florença. Dos três fragmentos restantes, 
apenas dois foram adquiridos pelo Museu do Louvre em 1882, 
pois devido à retirada da parede, transferência para a tela 
e transportes subsequentes (além do mau estado de 
conservação que já exibiam) estes eram os que se 
apresentavam em melhores condições. 
Sua encomenda relaciona-se provavelmente à comemoração das 
núpcias de Lorenzo Tornabuoni (tio de Lorenzo il Magnifico) 
e Giovanna di Maso degli Albizzi, celebradas em 15 junho de 
1486. Frank Zöllner, entre outros, contesta, porém, que tal 
seja o motivo da encomenda. Outros põem em dúvida a 
identificação das personagens. Helen Ettlinger, por exemplo, 
defende a identificação do casal como Matteo d´Andrea 
Albizzi e Nanna di Niccolò Tornabuoni. E.H. Gombrich cogita 
a possibilidade do jovem ser Lorenzo di Pierfrancesco de´ 
Medici e J. Mesnil, por sua vez, Pico della Mirandola.
Seja como for, aceita-se a identificação das figuras 
femininas como representações das Sete Artes Liberais, ainda 
que algumas divergências ocorram quando observadas de 
maneira independente. Estas figuras agrupam-se em semi-
círculo, sentadas em diferentes alturas e posições, 
aparentemente à espera do jovem que se aproxima pela 
esquerda – guiado por uma oitava figura e flanqueado por um 
pequeno putto.
Esta seria, assim, uma cena de iniciação, na qual o jovem 
entra no círculo das sete artes liberales, cujos 
atributos e distribuição na obra indicam para o primeiro 
grupo, o Trivium – Gramática, Dialética (Lógica) e 
Retórica – e, para o segundo, o Quadrivium – Aritmética, 
Geometria, Astronomia e Música. Zöllner percebe o contraste 
da temporalidade desses personagens através da própria 
vestimenta que portam: 
The young women are wearing clothes reminiscent of 
classical images, while Lorenzo is approaching them wearing 
blue-coloured contemporary clothing and a red scholar´s cap. 
In contrast to the woman next to him, he is wearing sturdy 
shoes, by which Botticelli characterizes him as a 
contemporary figure
“As jovens mulheres vestem roupas que remetem às imagens 
clássicas, enquanto Lorenzo está se aproximando delas 
vestindo roupas contemporâneas de cor azul e a típica capa 
vermelha dos letrados. Em contraste com a mulher próxima a 
ele, Lorenzo usa sapatos resistentes, através dos quais 
Botticelli o caracteriza como uma figura contemporânea”. 
Segundo o mesmo autor, quem guia o jovem pela mão é a 
personificação da Gramática, pois ainda que não traga nenhum 
atributo consigo pode ser reconhecida por seu papel de  
liderança e importância sobre as demais. Já a Retórica pode 
ser identificada pelo atributo em suas mãos, o rolo de 
pergaminho. 
Próximo a essa figura que se veste com a cor verde está a 
personificação da Dialética, com um bastão na mão direita e 
um escorpião na mão esquerda, cujas pinças representariam as 
posições opostas do pensamento dialético. Aritmética vem a 
seguir, uma vez que o papel em sua mão apresenta cálculos 
aritméticos.
A Música apresenta-se no primeiro plano com as costas 
voltadas ao espectador, mostrando uma parte de seu pequeno 
órgão e tamborim. Portando um astrolábio está a Astronomia 
e, ao seu lado, a Geometria com uma régua sobre o ombro de 
sua veste esverdeada.
Acima do círculo das Sete Artes Liberais está uma figura 
proporcionalmente maior que as demais. Zöllner sugere que 
seja Phronesis, mãe da Filologia, por sua posição de 
destaque. Já Barbara Deimling a considera como a Sabedoria 
sentada em seu trono. Ainda que possamos identificar os 
elementos que carrega em sua mão (na esquerda um arco e, a 
outra, erguida em um gesto de saudação, como a Vênus da 
Primavera), sua identificação continua enigmática.
O jovem, Lorenzo ou não, adentra o reino das ciências e da 
arte, assegurando sua presença no mundo de valores imortais. 
Por tal motivo, cogita-se a possibilidade dessa obra e 
também Vênus e as Três Graças presenteando uma jovem terem 
sido encomendadas após a morte de Giovanna em outubro de 
1488. Os afrescos seriam, assim, o retrato de uma reunião 
ideal entre os noivos no reino da virtude e beleza imortais.
Larissa Carvalho
30/08/2011
Bibliografia:
1938 – J. Mesnil, Botticelli, Paris.
1945 – E.H. Gombrich, “Botticelli´s Mythologies: A Study in 
the Neoplatonic Symbolism of His Circle”. Symbolic Images: 
Studies in the Art of the Renaissance, Londres, 1972, pp. 
31-81.
1958 – E. Wind, Pagan Mysteries in the Renaissance. Milão.
1976 – H. Ettlinger. The Portraits in Botticelli´s Villa 
Lemmi Frescoes. Mitteilungen des Kunsthistorischen 
Institutes in Florenz, 20. Bd., H. 3, pp. 404- 407.
1989 – R. Lightbown, Sandro Botticelli. Life and Work. New 
York, Abbeville Press.
1998 – F. Zöllner, Botticelli. Images of Love and Spring. 
Munique, New York: Prestel.
2005 – B. Deimling, Sandro Botticelli 1445/5 – 1510, 
Taschen/Paisagem.

