“A obra, assinada e datada de 1878, inspira-se no poema
Rolla de Alfred de Musset, de 1833.
Tendo dissipado sua fortuna familiar, Jacques Rolla lança um
último olhar para Marion, a prostituta que ele já não pode
pagar, antes de se suicidar:
Rolla considérait d´un oeil mélancolique
La belle Marion dormant dans son grand lit;
Je ne sais quoi d´horrible et presque diabolique
Le faisait jusqu´aux os frissonner malgré lui.
Marion coûtait cher. – Pour lui payer sa nuit,
Il avait dépensé sa dernière pistole.
Ses amis le savaient. Lui même, en arrivant,
Il s´était pris la main et donné sa parole
Que personne, au grand jour, ne le verrait vivant.
Trois ans, – les trois plus beaux de la belle jeunesse, –
Trois ans de volupté, de délire et d´ivresse,
Allaient s´évanouir comme un songe léger,
Comme le chant lointain d´un oiseau passager.
A obra foi considerada indecente e recusada no Salon de
1878, assim como o fora no ano anterior a Olympia de
Manet. Segundo o relato de Ambroise Vollard, Degas aconselha
Henri Gervex (1852-1929) a pintar o espartilho
(corset) de Marion jogado aos pés da cama, indicando
que a mulher não era um modelo, mas que havia se despido na
noite anterior. Sempre segundo Vollard, o próprio Degas
comentaria em seguida com Gervex que tal detalhe teria sido
decisivo para que o juri recusasse a obra sob a alegação de
falta de decoro.
Luiz Marques
01/11/2011
Bibliografia:
1938 – A. Vollard, En écoutant Cézanne, Degas, Renoir.
Paris: Grasset. Trad. portuguesa, São Paulo: Editora
Civilização Brasileira, 2000, p. 128″