“Registro inventarial: inv. 1890, n. 5907
O afresco decorava originalmente o Palazzo Mechiorre 
Baldassini, conforme afirma Giorgio Vasari, na “”Vida de 
Perin del Vaga””:
Ne´ medesimi tempi avendo messer Marchionne Baldassini 
fatto  murare una casa molto bene intesa, come s´è detto, 
da Antonio da  Sangallo, vicino a S. Agostino, e desiderando 
che una sala che egli vi aveva fatta fusse dipinta tutta, 
esaminati molti di que´ giovani  acciò che ella fusse e 
bella e ben fatta, si risolvé dopo molti darla a  Perino; 
con il quale convenutosi del prezzo, vi messe egli mano, 
né da quella levò per altri l´animo, che egli 
felicissimamente la condusse  a fresco. Nella quale sala 
fece uno spartimento a pilastri, che mettono in mezzo 
nicchie grandi e nicchie piccole; e nelle grandi  sono varie 
sorti di filosofi, due per nicchia, et in qualcuna un solo, 
e nelle minori sono putti ignudi e parte vestiti di velo, 
con certe teste di femmine finte di marmo sopra le nicchie 
piccole. E sopra la cornice che fa fine a´ pilastri, seguiva 
un altro ordine, partito sopra il primo ordine, con istorie 
di figure non molto grandi de´ fatti de´ Romani, cominciando 
da Romulo per fino a Numa Pompilio.  
“”Naquele mesmo tempo, tendo messer Marchionne Baldassini 
mandado construir um palácio muito bem projetado, como dito, 
por Antonio da  Sangallo, perto de S. Agostino, e desejando 
que uma sala fosse inteiramente pintada, examinou muitos 
daqueles jovens, de modo que esta fosse bela e bem 
executada, e decidiu confiá-la a Perino. Combinado o preço, 
pôs-se ele ao trabalho, e não esmoreceu por qualquer razão 
até concluí-la felicissimamente a afresco. Nesta sala, 
dividiu o espaço em pilastras entre as quais há nichos 
grandes e pequenos. Nos grandes estão vários tipos de 
filósofos, dois por nicho, e em outros, um apenas. E nos 
nichos menores, há crianças nuas ou recobertas por véus. 
Sobre estes nichos menores, pintou certas cabeças de 
mulheres imitando bustos de mármore. E sobre a cornija que 
corre sobre os pilares, havia outra frisa, sobreposta à 
primeira, com cenas dos feitos dos Romanos, começando por 
Rômulo até Numa Pompílio””.
Desta sala, cuja importância artística fez com que Giovanni 
Battista Armenini a definisse em 1587 como lo studio al 
mio tempo di molti giovani (o modelo de estudo, em meu 
tempo, de muitos jovens), conservam-se, além de alguns 
fragmentos in situ, duas cenas, que Vasari não 
menciona ou parece não reconhecer: a “”Justiça de Zaleucos”” e 
“”Tarquínio Prisco funda o Templo sobre o Capitólio””, ambos 
afrescos destacados e transpostos sobre tela em 1830, sendo 
mais tarde adquiridos pelos Uffizi. 
Zaleucos é um legendário legislador de Locri Epizephyrii, na 
Calábria, supostamente do século VII a.C., conhecido por 
fontes antigas, tais como a “”Política”” de Aristóteles, 
Diodoro Sículo e Plutarco, que o nomeia em sua “”Vida de 
Numa””, ao lado deste rei de Roma e de Zoroastro, Minos e 
Licurgo, legisladores por antonomásia. O código de leis que 
lhe é atribuído estabelecia como punição ao adultério o 
vazamento dos olhos. Ocorreu de seu próprio filho incorrer 
em tal crime. Diante dos apelos de todos por clemência, 
Zaleucos vazou-lhe apenas um olho, como o mostra a cena, mas 
fez questão, para ser equânime, de ter um próprio olho 
vazado. 
O afresco, não bem conservado, mostra o diálogo intenso de 
Perin del Vaga (1501-1547) com as lições de Rafael, em 
especial o das Logge Vaticane, de cuja decoração o 
pintor florentino havia participado, e de Michelangelo, cujo 
cartão da “”Batalha de Cascina”” transparece sobretudo na 
figura nua do primeiro plano à esquerda. 
Perin del Vaga parece exercitar-se aqui sobretudo no gênero 
orrido (que se manifesta então igualmente nas 
primeiras tragédias de Gian Giorgio Trissino (Vicenza, 1478-
1550), como a “”Sofonisba””, concluída em 1514 ou em 1515 e 
dedicada a Leão X) e na variedade das paixões do grupo de 
pessoas que assiste ao pathos da cena.
Luiz Marques
14/02/2012
Bibliografia:
1550 – Giorgio Vasari, Vita di Perin del Vaga. Le Vite de´ 
piú eccellenti Architetti Pittori et Scultori italiani da 
Cimabue insino a´ tempi nostri, descritti in lingua toscana 
da G. V. Pittori aretino, con una sua utile et necessaria 
introduzione a le arti loro. 
1587 – G.B. Armenini, De´ veri precetti della pittura di 
Gio. Batista Armenino da Faenza. Turim: Einaudi, 1988, ed. 
por M. Gorreri. 
1890c. – J. Burckhardt, Italian Renaissance Painting 
according to Genres. The Getty Research Institute, 2005, p. 
198
1986 – E. Parma, Perin del Vaga. L´anello mancante. Gênova: 
Sagep, 1997, p. 254.
1996 – A. Natali, in A.M. Petrioli Tofani, L´officina della 
maniera. Varietà e fierezza nell´arte fiorentina del 
Cinquecento fra le due repubbliche 1494-1530. Florença: 
Marsilio, p. 286.”

