Nesse retrato vemos a família imperial reunida para uma
lição de geometria. A fotografia de Victor Frond, tirada
por volta de 1857, deveria integrar a série de retratos
realizados para a publicação “Galeria dos Brasileiros
Ilustres, os Contemporâneos”, organizada por Sebastien
Auguste Sisson, publicada no Rio de Janeiro, em fascículos,
entre 1857 e 1860.
A fotografia foi tirada na biblioteca do Palácio de São
Cristóvão, e podemos notar na ambientação o busto de D.
Pedro I à esquerda do observador, o mapa-múndi e os inúmeros
livros em desordem na estante à direita. Sisson procurou
destacar na litografia tanto os personagens quanto a
ambientação e os detalhes do cenário.
Esse retrato difere da representação oficial dos
governantes, que apresentam o imperador como chefe político
e militar, procurando mostrar a importância das relações
familiares e também o monarca esclarecido.
Na opinião de Luciano Migliaccio, o “fotógrafo se iguala ao
pintor de corte ao elaborar a imagem oficial dos soberanos
que será apresentada no centro da cultura e da editoria
mundial da época”.
A fotografia permite substituir a representação oficial do
imperador, “ainda marcada pela tradição do busto e do
retrato heróico na pintura, por uma imagem mais direta, do
soberano pai, estudioso, ocupado nas atividades de governo”.
É importante notar que também está colocada nessa gravura,
de forma enfática, a propaganda em favor da educação
feminina, assunto presente nas discussões dos positivistas e
que recebeu o apoio do imperador.
Maria Antonia Couto da Silva
06/04/2010
Bibliografia:
1998 – L. Segala. Ensaio das luzes sobre um Brasil
Pitoresco: o projeto fotográfico de Victor Frond. Tese
(Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, p. 160.
2006 – L. Migliaccio. “A iconografia nacional na Coleção
Brasiliana”. In Coleção Brasiliana Fundação Estudar. São
Paulo: Via Impressa Edições de Arte, p. 66.