A representação de interiores de igrejas e monastérios foi
uma constante na obra do pintor Presciliano Silva. Nesse
quadro ele registrou a entrada da sacristia da igreja do
Convento do Carmo em Salvador, Bahia.
Um senhor cabisbaixo e solitário está sentado em um banco,
com aspecto desolado, e deixou ao lado o chapéu e o guarda-
chuva. O mesmo personagem foi retratado em outro quadro do
artista, no qual recebe uma esmola.
Como observa Quirino Campofiorito, em 1923 o escritor Coelho
Neto comentou sobre alguns quadros do pintor:
“Da visita que fiz ao ateliê de Presciliano Silva, mais do
que a impressão visual, trouxe a sugestão poética das telas
intituladas ´Oração da tarde´, ´Última Porta´ e
´Recordando´, poemas a cores nos quais se reflete
melancolicamente a alma de um grande mistério.”
Campofiorito nota que “as tintas magras servem a uma
harmonia cromática muito suave e rigorosamente adaptada aos
efeitos interiores dos templos baianos, o tema que passará a
ter a preferência do pintor.”.
O pesquisador lembra ainda que a denominação do quadro foi
dada pelo escritor Carlos Chiacchio, que redigiu um artigo
sobre o artista repleto de elogios, “apontando a inspiração
que levou a situar, derreado sobre o longo banco de pedra da
sacristia, o velhinho mendigo a esperar uma esmola.”
Maria Antonia Couto da Silva
10/03/2011
Bibliografia:
1973 – C. P. Valladares. Presciliano Silva: um estudo
biográfico e crítico. Rio de Janeiro: Fundação Conquista.
1983 – Q. Campofiorito. História da pintura brasileira no
século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, pp. 246-253