Localização inventarial: G 103 / 104
O célebre grupo representa Armódios e Aristógiton, executores do assassinato em 514 de Hiparcos, filho menor de Pisístratos. Ambos pagaram com a vida seu feito.
A posteridade transformou este assassinato em marco inicial da história da democracia ateniense, a começar pelo fato de encomendar ao escultor Antenor, tão logo expulso Hípias em 510, duas estátuas de bronze em homenagem aos tiranóctones ou tiranicidas.
Em 480, a escultura é levada para Susa como botim de guerra, mas em 477, dois anos após a vitória sobre os persas, os atenienses encomendam a Krítios e Nesiotes outro grupo escultórico em bronze dos tiranicidas. Símbolo das virtudes cívicas atenienses, o grupo será muito copiado, inclusive em moedas, pinturas e relevos decorativos, até vir a ornar a Vila Adriana de Tívoli, nesta versão do Museo Archeologico Nazionale de Nápoles. Uma magnífica versão dos tiranicidas encontra-se no escudo de Atena na ânfora panatenaica* de 400 a.C., no British Museum, inv. n. B 605.
Além disso, conservaram-se versos de um poema anônimo do século V que os glorificava como libertadores da pátria e pode-se supor que não se trate de um caso isolado, pois até o século IV os descendentes de Armódios e Aristógiton beneficiavam-se de diversos privilégios.
Tucídides (I,20) teoriza a respeito deste tiranicídio. Ele nos alerta sobre a insignificância de suas causas e de seus efeitos, ao mesmo tempo em que demonstra como isto não impede que os atenienses continuem, um século depois do acontecido, a lhe atribuírem obstinadamente uma importância decisiva. E conclui, generalizando:
“Os homens, com efeito, aceitam e se transmitem sem exame, mesmo quando se trata de seu próprio país, as tradições relativas aos eventos do passado (…). Assim, em lugar de se esforçar para procurar a verdade, prefere-se geralmente adotar idéias feitas”.
A cabeça de Aristógiton (com barba) é cópia moderna a partir de outra versão do mesmo grupo.
Luiz Marques
10/05/2010