“Na figura de Vittoria Colonna (1490-1547) converge um dos mais prestigiosos entroncamentos dinásticos da Itália de finais do século XV e inícios do XVI. Seu pai é Fabrizio Colonna (1450-1520), o chefe da casa Colonna e governador geral da liga santa de 1511 promovida por Júlio II, com quem estabelece uma aliança familiar ao promover o casamento de seu sobrinho, Marcantonio, com uma sobrinha do papa.
Em 1509, Vittoria Colonna desposa Francesco Ferrante d`Avalos, marquês de Pescara e comandante em chefe das tropas de Carlos V na Itália. A relação conjugal será marcada por duas das mais decisivas batalhas das guerras de Itália: a aprisionamento do marido em 1512 pelos franceses na batalha de Ravenna, que motiva uma Epistola em versos a ele endereçada, sua primeira obra literária, publicada em 1536; e sua morte em 1525, em consequência de ferimentos sofridos na batalha de Pavia.
A menção de Vasari a um retrato de Vittoria Colona por Sebastiano del Piombo pode remeter a duas obras. A primeira, provavelmente dos anos 1520-25, ainda abertos a estímulos de cultura cortês, seria o retrato bastante sensual e idealizado do Museu de Barcelona, 96 x 72,5, inv. 64984, com base no poema de Vittoria Colonna que se pode ler no livro sobre a mesa (“”Ovunque giro gli occhi o fermo il core””).
A segunda seria este austero Retrato de Dama como Artemisia, personagem emblemática da fidelidade conjugal, com a qual Ariosto (XXXVII), Giovan Pierio Valeriano (Hieroglyphica, XXII) e Pietro Bembo (Rime, CXXVII) a identificam, e que se deve naturalmente datar de um momento sucessivo a 1525, na realidade por volta de 1535, momento, de resto, em que Vittoria Colonna se aproxima de Michelangelo.
Luiz Marques
13/05/2010
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