O livro “Flora Brasiliensis” originou-se da viagem dos naturalistas Spix e Martius pelo Brasil, entre 1817 e 1820. Eles vieram ao Brasil junto com um grupo de cientistas e naturalistas que acompanhavam a arquiduquesa Leopoldina, integrando a Missão Austríaca.
Spix e Martius iniciaram o itinerário nos arredores do Rio de Janeiro, viajando de São Paulo ao sul da Bahia. Posteriormente, percorreram os estados de Pernambuco, Piauí e Maranhão. Em julho de 1919, viajaram para Belém, de onde se dirigiram à Ilha de Marajó, Manaus e afluentes do rio Negro.
Nessa expedição foram coletadas mais de 6.500 espécies de plantas, além de espécies animais e artefatos indígenas de diversas tribos. Retornando à Munique, Alemanha, em 1820, os cientistas deram início à publicação do relato da viagem pelo Brasil.
A obra “Viagem pelo Brasil: 1817-1820” (Reise in Brasilien) foi publicada em 3 volumes (1823, 1828 e 1831) e reúne os relatos de viagem, e estudos aprofundados de botânica e zoologia. Com o falecimento de Spix, Martius assumiu a coordenação das publicações.
O projeto Flora Brasiliensis, iniciado em 1839, contava com o apoio do imperador Ferdinando I da Áustria, do rei Ludovico I da Baviera e do imperador Dom Pedro II do Brasil. O primeiro dos 140 fascículos que iriam compor a obra foi publicado em 1840, e a publicação só foi concluída em 1906.
A Flora Brasiliensis é formada por 15 volumes e descreve um total de 22.767 espécies. Várias pranchas com ilustrações foram adaptadas de obras de Thomas Ender, artista que acompanhou Spix e Martius durante o primeiro ano da viagem.
Essa gravura mostra a “Floresta cortada, com uma velha figueira, em São João Marcos, província do Rio de Janeiro”. Em primeiro plano, à direita, vemos as raízes aéreas da figueira, cuja grandeza podemos apenas imaginar, e a vegetação local, em toda a sua beleza e diversidade.
Em segundo plano e à esquerda, vemos a floresta devastada, que deu lugar à uma paisagem árida onde os troncos cortados assemelham-se a espinhos. Na área derrubada, apenas algumas árvores foram mantidas.
(continua no texto que acompanha a imagem de detalhe)