“Fundada Roma por Rômulo sobre o Palatino, que ele fortifica, e adotados os ritos de Evandro (1,7), Tito-Lívio narra no cap. 8 do livro I que:
“”reunido em assembleia o povo, que não podia unificar-se em um único organismo senão com leis, Rômulo ditou normas jurídicas; e considerando que estas só apareceriam como invioláveis àquela gente ainda tosca se surgissem como venerandas por meio de signos externos de autoridade, fez-se mais majestoso com o fasto de seus trajes e, em especial, com a guarda de doze litores””.
Este desenho de Bernard van Orley (Bruxelas, 1488c. – 1541), expoente do assim chamado romanismo flamengo, é um dos quatro existentes para uma não-executada série de tapeçarias intitulada Rômulo e Remo. Elas adotam por modelo as tapeçarias de Rafael para Leão X sobre tema dos Atos dos Apóstolos (1516-1517).
A encenação do evento guarda possivelmente uma relação temática com o texto de Lívio, sublinhando a potência legisladora do Imperador Carlos V. Mas os demais elementos da composição são de difícil decifração, tanto mais porque se ignora o comitente da série. A interpretação da cena permanece, assim, tributária de uma qualquer documentação escrita, externa à composição.
Luiz Marques
16/02/2010
Bibliografia:
M.W. Ainsworth, Bernard van Orley. The Dictionary of Art, 23, ad vocem
“