Edmond Bacot teve formação em desenho e estudou pintura na Escola de Belas Artes de Paris, no ateliê do pintor Paul Delaroche, onde conviveu com outros futuros grandes fotógrafos como Charles Nègre e Gustave le Gray, entre outros. Ele começou a trabalhar com daguerreótipos na década de 1850.
Bacot manteve uma relação de amizade com a família de Victor Hugo, com quem compartilhava os ideais republicanos. Em 1853, ensinou a prática da fotografia a Charles Hugo, filho do escritor, que tinha o projeto de ilustrar suas obras literárias com fotografias.
Nessa fotografia, ao contrário do que ocorre em imagens mais freqüentes que mostram a grandeza das torres das catedrais góticas em contraste com os telhados ao redor, Bacot focalizou os portais da igreja.
A luz que incide na parte superior da imagem destaca as linhas e detalhes da fachada, em oposição à parte inferior, imersa na penumbra.
Na opinião de Sabine Roulleau o contato entre Bacot e Victor Hugo, no fim de 1852, marcou uma etapa importante de sua carreira, da qual é exemplo essa fotografia, pela composição e pelo tratamento da luz que banha os portais de Saint-Maclou.
Para a pesquisadora, se Bacot ensinou a Hugo a técnica fotográfica, este último o inspirou em algumas de suas realizações, como nesta fotografia, na qual foi destacado o caráter pitoresco e misterioso dessa arquitetura, que demonstra o contato com desenhos e, sobretudo, com livros de Hugo como “Le Rhin” e “Notre-Dame de Paris”.
Maria Antonia Couto da Silva
24/02/2011
Bibliografia:
1998 – S. Roulleau. «Edmond Bacot». In Victor Hugo: photographies de l´exil – en collaboration avec le soleil. Org. F.Heilbrun, D.Molinari. Paris : Rmn, pp. 152-171.