“El poder abrazado VIII”, possui a assinatura do pintor cubano Arturo Montoto e também as características principais da linguagem que o artista consolida ao longo de 20 anos, por meio de naturezas mortas “teatrais”.
Pintor e fotógrafo, graduado na Escuela Nacional de Artes de Havana (1977) e no Instituto V. I Súrikov de Moscou (1984), Arturo Montoto é uma das figuras mais importantes da arte cubana contemporânea. Sua obra possui uma forte influência do mestre espanhol Sánchez Cotán (1560-1627) e um tratamento que o aproxima ao hiper-realismo.
O pintor mostra um domínio pleno da luz, que se converte na grande protagonista de sua obra, marcada por grandes contrastes e dando lugar a uma atmosfera neo-barroca. Montoto dá mostra de seu domínio do desenho por meio da atenção que confere aos detalhes e texturas dos elementos, como o brilho do metal e as cavidades e imperfeições do degrau.
A cena arranjada fora do que seria seu contexto natural de interior, apresenta-se ao espectador tanto como uma transgressão do espaço doméstico, afastamento proposital dos “bodegones” clássicos do gênero. A faca, elemento fálico e representação do poder, oferece sua dualidade como utensilio e arma letal de fabricação humana, oposta a laranja, sugerindo um jogo erótico entre as formas.
Arturo Montoto tem desenvolvido atividade de professor de pintura e conta com publicações no campo da teoria da arte em revistas como Dédalo e “La Gaceta de Cuba”. Ao longo de sua carreira realizou mais de 30 exposições pessoais e participado de 80 mostras coletivas tanto em Cuba quanto em países como Guiana Francesa, Chile, Estado Unidos, Panamá, França e Espanha.
Suas obras integram acervos de vários museus, como o Museo Basílica del Convento de San Francisco de Asis, Havana, os Museus do Vaticano, Itália, a Fundación PROA de Buenos Aires e La Sociedad de Amistad Hispanoamericana na Guiana Francesa.
Mónica Villares Ferrer
16/05/2010.