(continuação do texto que acompanha a imagem principal)
Gostaria de destacar que na edição original, as ilustrações “Descascadoras de mandioca” e “Rendeiras” foram apresentadas na mesma página.
O contraste entre essa imagem do trabalho realizado em condições precárias e do trabalho especializado, que requer habilidade, realizado em aparente harmonia, reforça o discurso de Ribeyrolles sobre a potencialidade dos afrodescendentes para trabalhos mais especializados.
A idéia da especialidade destacada no texto do “Brasil Pitoresco” foi reforçada pelo contraste entre essas duas imagens. Como afirma Lygia Segala acerca da litografia “Rendeiras”:
“Ao mostrar o escravo como mestre e não como um mero executor de um saber mandado, a prancha abre um espaço de convencimento para as inúmeras afirmativas do texto sobre o necessário investimento na civilização dos africanos, contraponto do ´trabalho livre e justo´”.
Maria Antonia Couto da Silva
12/03/2011
Bibliografia:
1980 – C. Ribeyrolles. Brasil Pitoresco. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, [1859].
1998 – L. Segala. Ensaio das luzes sobre um Brasil Pitoresco: o projeto fotográfico de Victor Frond. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, pp. 263-264.
2009 – R. Conduru. “Afro-modenidade: representações de afro-descendentes e modernização artística no Brasil”. In A. Cavalvanti; C. Dazzi; A. Valle. (org.). Oitocentos. Arte Brasileira do Império à Primeira República. 1 ed. Rio de Janeiro: Escola de Belas Artes UFRJ, pp. 445-452, p. 449.
2011 – M. A. Couto da Silva. Um monumento ao Brasil: considerações acerca da recepção do livro Brasil Pitoresco, de Victor Frond e Charles Ribeyrolles (1859-1861). Tese (Doutorado em História da Arte) – UNICAMP, Campinas.