A gravura foi concebida como ilustração do livro “Brasil Pitoresco”, de Charles Ribeyrolles e Victor Frond, publicado entre 1859 e 1861.
Os autores percorreram o interior fluminense em 1858, documentando o trabalho dos afrodescendentes nas grandes fazendas de café. As litografias foram realizadas na Maison Lemercier, em Paris, a partir das fotografias de Frond.
Nesta gravura três mulheres foram retratadas diante de um edifício da fazenda. Como em outras ilustrações do álbum (ver Rendeiras*), a imagem foi estruturada diante de um jogo de linhas ortogonais que integram a construção no plano de fundo.
As escravas raspam a mandioca, que foi recolhida da roça em cestos redondos. A produção de farinha de mandioca era uma atividade fundamental para a alimentação de senhores e escravos no período. Outra imagem do livro mostra o processo posterior de fabricação do alimento.
As escravas à direita e à esquerda olham para o espectador, enquanto a personagem central apóia-se sobre um cesto, em uma pose mais delicada. Os corpos inclinados e as expressões dos rostos indicam, de forma sutil, a opressão do trabalho escravo.
A litografia remete a um comentário de Roberto Conduru, acerca de uma obra de Modesto Brocos que tem como tema o engenho de mandioca (1892):
“É um retrato realista das precárias condições de trabalho e vida dos afrodescendentes no Brasil, ao representá-los sentados no chão, a descascar mandioca, quase como continuidades da terra, das raízes, das coisas”.
(continua no texto que acompanha a imagem número 2)