O quadro foi realizado quando o pintor Oscar Pereira da
Silva tinha dezenove anos, e estudava na Academia Imperial
de Belas Artes. O tema abordado não é freqüente na pintura
do Brasil no período: o artista retratou o doutor José
Joaquim Menezes de Vieira ensinando linguagem articulada a
dois meninos com deficiência auditiva.
O título da obra vem da expressão utilizada no século XIX de
maneira equivocada, pois a maioria dos meninos com
deficiência auditiva estão aptos a articular as palavras
desde que recebam um tratamento adequado na área de
fonoaudiologia.
A obra, provavelmente baseada em uma fotografia, adquire um
caráter de estranheza devido ao grande realismo na
representação dos rostos e ainda pela falta de integração
entre as figuras em primeiro plano e o cenário pintado no
plano de fundo, motivada pela técnica utilizada pelo
artista.
O quadro foi realizado como uma bela homenagem de Oscar
Pereira da Silva ao conhecido médico e educador e foi
exposto no Salão Nacional de Belas Artes em 1893.
O Imperial Instituto dos Surdos Mudos foi criado no Rio de
Janeiro em 1857, e utilizou equipamentos e métodos
considerados inovadores em sua época. Fundado pelo francês
Ernest Huet, foi dirigido a partir de 1868 pelo dr. Tobias
Rabello Leite, sendo José Joaquim Menezes Vieira um de seus
principais assistentes.
A instituição era a única escola para surdos do Brasil,
mantida pelo poder público, e recebeu apoio do Imperador D.
Pedro II. O instituto buscou contribuir para a
profissionalização dos alunos em suas oficinas. Em 1883, foi
iniciado o ensino da linguagem articulada, através do Dr.
Joaquim José de Menezes Vieira.
(continua no texto que acompanha a imagem 2, detalhe)